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Rombo com servidor pode ser de R$ 22 bi
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
Se nada for feito, o governo federal usará neste ano algo como R$
22 bilhões da arrecadação de impostos para cobrir a diferença entre as aposentadorias de seus funcionários e as contribuições pagas
por eles.
Como comparação, o Orçamento de 99 reserva pouco mais de R$
18 bilhões para todos os investimentos e programas nas áreas de
saúde e educação, as prioridades
teóricas do governo.
Segundo estimativas preliminares, o pagamento de aposentadorias e pensões aos funcionários públicos federais consumirá R$ 24,9
bilhões de janeiro a dezembro.
A fonte natural de recursos para
essas despesas -as contribuições
previdenciárias dos servidores-
não chegará a render R$ 2,8 bilhões, mantidas as regras atuais.
²
Crescimento
O problema tende a crescer. Em
95, o déficit com as aposentadorias
do funcionalismo era muito menor: R$ 13,3 bilhões. As despesas
crescem ano a ano porque os servidores se aposentam com benefícios muito superiores à remuneração dos que ingressam no serviço
público.
Esse é apenas o exemplo mais
grave das deficiências do sistema
de aposentadorias no Brasil. Com
mais o INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social), encarregado do pagamento de benefícios ao setor privado, a União tem um buraco de
R$ 33 bilhões a ser tapado com a
arrecadação de outros impostos.
Esses dados ajudam a explicar
por que, mesmo sem reajustar salários dos funcionários e elevar a
qualidade de seus serviços, o governo permanece deficitário e cada
vez mais endividado, o que prejudica toda a economia do país.
²
No papel
Teoricamente, a receita do governo deveria bastar para cobrir
todas as suas despesas e deixar alguma sobra para o pagamento de
suas dívidas.
No ano passado, segundo dados
preliminares, a receita federal foi
de R$ 183 bilhões, e a despesa, de
R$ 178 bilhões. Sobraram R$ 5 bilhões para pagar juros, que, no entanto, ficaram na casa dos R$ 50 bilhões.
Pode-se argumentar, e é verdade,
que a despesa com pagamento de
juros foi anormalmente alta. No
entanto, mesmo a juros civilizados
de 6% ao ano, a dívida federal consumiria mais de R$ 12 bilhões
anuais.
É preciso, portanto, economizar
mais dinheiro para pagar os juros
da dívida -isso sem contar o desejo de investir mais em áreas prioritárias e a necessidade de evitar
um agravamento do déficit previdenciário nos próximos anos.
O governo pode, é claro, funcionar com déficit, mas há um preço:
a dívida permanecerá em crescimento contínuo até que haja dúvidas sobre a capacidade do devedor
de honrá-la.
Nessa situação, resta ao devedor
pagar juros mais altos -essa é
uma das explicações para as taxas
brasileiras- ou emitir moeda para cobrir suas despesas, fazendo
inflação.
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