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UNIÃO x ESTADOS
Decisão não suspende retenção anterior de recursos mineiros
Justiça veta novo bloqueio a repasse federal para MG
da Agência Folha
O desembargador de plantão Aluízio
Quintão, do Tribunal de Justiça
de Minas Gerais,
concedeu ontem uma liminar impedindo o bloqueio de recursos estaduais para o pagamento
do acordo de renegociação da dívida do Estado com a União.
O Tribunal de Justiça está em recesso, por isso o julgamento foi feito por um desembargador de plantão. A liminar, porém, não tem
efeito retroativo, ou seja, não libera os R$ 11,7 milhões bloqueados
pelo governo federal no último dia
11, em conta do Banco do Brasil.
O governador Itamar Franco
(PMDB), em nota divulgada pela
assessoria, disse que ficou "feliz"
com a decisão e que ela "contempla aspectos sociais e humanos".
A ação direta de inconstitucionalidade, impetrada no domingo
passado pela Procuradoria Geral
do Estado, questiona a validade de
uma cláusula do contrato do acordo da dívida, assinado em fevereiro passado pelo ex-governador
Eduardo Azeredo (PSDB).
Segundo o pedido de liminar, a
cláusula autoriza o Banco do Brasil
a efetuar débitos na conta 42.117-0,
da agência 033-7, e, se não for suficiente para cobrir a dívida com a
União, o Bemge fica autorizado a
transferir ao BB receitas próprias
do Estado, centralizadas na conta
127.000-8 da agência 002-6.
Para a Procuradoria Geral do Estado, essa cláusula viola a Constituição Estadual em 12 artigos, impedindo o governo de exercer suas
atividades constitucionais, como a
aplicação de 25% dos impostos arrecadados na educação.
A petição justifica o pedido de liminar com a proximidade da
"próxima prestação a pagar" da
dívida, que vence hoje. Segundo a
Secretaria da Fazenda, o valor da
prestação é R$ 34,4 milhões.
Em sua decisão, o desembargador Quintão manda notificar o BB
e o Bemge, mas não o governo federal. Até o fechamento desta edição, a União não havia recorrido.
A procuradora-geral do Estado,
Misabel de Abreu Machado Derzi,
disse que acha difícil que haja interesse do Bemge e do Banco do Brasil em entrar com recursos, mas
não quis comentar o que a União
poderá fazer para recorrer da liminar. "Vamos ver primeiro o que o
governo federal fará", disse.
A Agência Folha apurou que o
governo federal poderá usar o parágrafo único do artigo 160 da
Constituição Federal, que estaria
acima da Constituição Estadual.
O parágrafo, incluído por meio
de emenda constitucional e que
entrou em vigor em 17 de março de
1993 (durante o mandato presidencial do governador de Minas,
Itamar Franco), abre a possibilidade para os Estados e União "condicionarem a entrega dos recursos
ao pagamento de seus créditos".
²
Newton
O governo de Minas não pagará
hoje parcela de R$ 55 milhões referente à renegociação das suas dívidas com a União.
A informação foi dada pelo vice-governador do Estado, Newton
Cardoso, e pelo secretário da Fazenda, Alexandre Dupeyrat.
Dupeyrat disse ainda que o governo federal está fazendo um
"cálculo errado". Segundo a Secretaria da Fazenda, o valor da parcela
deste mês é de R$ 34,4 milhões.
A diferença de R$ 20,6 milhões,
segundo o secretário, seria coberta
com Certificados Financeiros do
Tesouro Nacional entregues pela
Rede Ferroviária Federal em pagamento ao recolhimento atrasado
de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
Está previsto também para hoje o
repasse para Minas do FPE (Fundo
de Participação dos Estado).
Newton Cardoso se reuniu ontem em Brasília com os ministros
Eliseu Padilha (Transportes) e Renan Calheiros (Justiça) para discutir a moratória mineira. Os três políticos são do PMDB.
Segundo Newton Cardoso, Itamar não quer conversar com o governo federal para resolver esse
impasse. "Essa queda-de-braço
não interessa a ninguém, mas não
tem sentido o governo de Minas
procurar uma equipe que não quer
negociar", disse Newton Cardoso.
O vice-governador sugeriu que o
governo federal faça uma auditoria
nas contas de Minas para comprovar que o Estado não tem condições de honrar a negociação da dívida feita pelo antecessor de Itamar, o tucano Eduardo Azeredo.
Newton Cardoso entregou a Padilha e a Calheiros denúncias contra Azeredo. Segundo o vice-governador, elas envolvem a venda
irregular de títulos do Tesouro mineiro, o desvio de recursos federais
destinados à educação e o pagamento irregular de obras.
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