São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tucano tenta conter "efeito dengue" na campanha

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Saúde, José Serra (PSDB), encomendou uma pesquisa para avaliar o tamanho do estrago da epidemia de dengue em sua campanha presidencial. Serra está assustado.
O ministro se reuniu ontem em Brasília com Orjan Olsen, ex-diretor do Ibope e pesquisador de sua campanha, a fim de elaborar um levantamento e delinear uma estratégia que minimize danos à sua pré-candidatura.
A dengue está tirando o sono de Serra desde a semana passada, quando ele decidiu reforçar a campanha de publicidade e as medidas de combate à doença no Rio de Janeiro, em Goiás e em Mato Grosso do Sul.
O Rio desperta atenção especial por ser o terceiro maior colégio eleitoral do país e reduto de dois adversários -o governador e presidenciável Anthony Garotinho (PSB) e o prefeito da capital, Cesar Maia (PFL), um dos articuladores da pré-candidatura de Roseana Sarney (PFL-MA).
O ministro chegou a pensar em adiar a saída do ministério, prevista para amanhã, a fim de não parecer que está fugindo do problema. Desistiu diante do diagnóstico técnico de que só em maio, com o fim do calor, é que diminuirão os casos da doença.
Na semana da volta ao Senado e da pré-convenção do PSDB, que ocorrerá no domingo, Serra prepara um balanço de sua gestão, destacando o que considera feitos que renderão votos, mas a dengue pode eclipsar esse objetivo.

"Presidengue"
Serra está incomodado com a tentativa de adversários, como Garotinho, de carimbá-lo com a dengue. A Folha apurou que Serra teme que colem bordões como o "candidato a presidengue".
Nos últimos dois dias, o ministro fez várias reuniões sobre dengue. Anteontem decidiu apelar para a Marinha e o Exército para o combate ao mosquito que transmite a doença.
Ontem, Serra recebeu o secretário da Saúde da Prefeitura do Rio, Ronaldo Cezar Coelho, tucano que integra a equipe do pefelista Maia. O ministro discutiu o que poderia fazer para combater a dengue e evitar desgaste político no Rio, Estado que responde pela metade dos casos da doença.
Dados da Funasa (Fundação Nacional da Saúde) mostram que em um mês, janeiro, a dengue matou pelo menos 25 pessoas. Durante o ano passado, a versão mais grave da doença, a hemorrágica, tirou 28 vidas.
No momento em que tenta crescer nas pesquisas para fechar alianças e mostrar capacidade de superar Roseana, Serra teme que a dengue crie uma barreira nacional. Ele já tem dificuldade no Nordeste. Daí o interesse em se aliar ao PMDB.
Além do terceiro maior tempo de TV, o PMDB tem inserção na região onde Roseana é a governista mais bem votada.



Texto Anterior: Eleições-2002: Jarbas recua e deixa vaga de vice de Serra "aberta" ao PFL
Próximo Texto: "O Clone exibe personagem com a doença
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.