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Tucano tenta conter "efeito dengue" na campanha
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Saúde, José Serra
(PSDB), encomendou uma pesquisa para avaliar o tamanho do
estrago da epidemia de dengue
em sua campanha presidencial.
Serra está assustado.
O ministro se reuniu ontem em
Brasília com Orjan Olsen, ex-diretor do Ibope e pesquisador de sua
campanha, a fim de elaborar um
levantamento e delinear uma estratégia que minimize danos à sua
pré-candidatura.
A dengue está tirando o sono de
Serra desde a semana passada,
quando ele decidiu reforçar a
campanha de publicidade e as
medidas de combate à doença no
Rio de Janeiro, em Goiás e em
Mato Grosso do Sul.
O Rio desperta atenção especial
por ser o terceiro maior colégio
eleitoral do país e reduto de dois
adversários -o governador e
presidenciável Anthony Garotinho (PSB) e o prefeito da capital,
Cesar Maia (PFL), um dos articuladores da pré-candidatura de
Roseana Sarney (PFL-MA).
O ministro chegou a pensar em
adiar a saída do ministério, prevista para amanhã, a fim de não
parecer que está fugindo do problema. Desistiu diante do diagnóstico técnico de que só em
maio, com o fim do calor, é que
diminuirão os casos da doença.
Na semana da volta ao Senado e
da pré-convenção do PSDB, que
ocorrerá no domingo, Serra prepara um balanço de sua gestão,
destacando o que considera feitos
que renderão votos, mas a dengue
pode eclipsar esse objetivo.
"Presidengue"
Serra está incomodado com a
tentativa de adversários, como
Garotinho, de carimbá-lo com a
dengue. A Folha apurou que Serra teme que colem bordões como
o "candidato a presidengue".
Nos últimos dois dias, o ministro fez várias reuniões sobre dengue. Anteontem decidiu apelar
para a Marinha e o Exército para o
combate ao mosquito que transmite a doença.
Ontem, Serra recebeu o secretário da Saúde da Prefeitura do Rio,
Ronaldo Cezar Coelho, tucano
que integra a equipe do pefelista
Maia. O ministro discutiu o que
poderia fazer para combater a
dengue e evitar desgaste político
no Rio, Estado que responde pela
metade dos casos da doença.
Dados da Funasa (Fundação
Nacional da Saúde) mostram que
em um mês, janeiro, a dengue
matou pelo menos 25 pessoas.
Durante o ano passado, a versão
mais grave da doença, a hemorrágica, tirou 28 vidas.
No momento em que tenta crescer nas pesquisas para fechar
alianças e mostrar capacidade de
superar Roseana, Serra teme que
a dengue crie uma barreira nacional. Ele já tem dificuldade no Nordeste. Daí o interesse em se aliar
ao PMDB.
Além do terceiro maior tempo
de TV, o PMDB tem inserção na
região onde Roseana é a governista mais bem votada.
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