|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROMBO AMAZÔNICO
Depoente disse sentir-se ameaçado e que só falaria sob proteção
Depoimentos teriam levado a pedido de prisão de Jader
LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS
Dois depoimentos prestados à
Polícia Federal levaram o Ministério Público Federal e a Justiça Federal a concluir pela necessidade
de decretação da prisão preventiva do ex-senador Jader Barbalho
(PMDB-PA) e de mais dez acusados de fraudar a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento
da Amazônia).
Um dos depoimentos, prestado
pelo empresário Aluisio Pollmeier, não chegou a ser citado na
decisão do juiz Alderico Rocha
Santos, da 2ª Vara de Justiça Federal em Tocantins, porque incluía
o nome do deputado José Priante
(PMDB-PA), sobrinho de Jader,
que tem imunidade parlamentar.
Pollmeier disse à PF que foi
pressionado a pagar uma "comissão" que seria dividida entre
Priante e Jader. Um assessor de
Priante, Irlendes Rodrigues, conhecido como Alemão, teria dito
ao empresário que o deputado já
havia tomado dinheiro emprestado para pagar Jader, porque "Jader não perdoa".
De acordo com o depoimento,
no início de 2000, ao descer no aeroporto de Altamira (PA), o empresário foi levado a um hotel por
um integrante do grupo acusado
de fraudar a Sudam. Foi informado de que o cheque dado por sua
empresa (JCA Agroindustrial)
para pagar uma comissão de R$
400 mil a Priante não havia sido
descontado por não ter fundo.
Naquele momento, Alemão,
que estaria escondido no banheiro do quarto, teria aparecido e
chamado o empresário de "moleque". Em seguida, teria informado que Jader não perdoaria a dívida e acrescentado que, se não fosse paga a parte de Priante, não haveria mais liberações da Sudam.
A pedido de Alemão, Pollmeier
teria informado Carlos Antonio
de Oliveira, que era seu sócio no
projeto da Sudam, sobre o que estava ocorrendo.
"Ameaça"
O juiz Alderico Santos utilizou
na sua decisão apenas o depoimento prestado por Oliveira à Polícia Federal. O ex-sócio de Pollmeier afirmou em seu depoimento que se sentia "ameaçado" e que
não tinha "coragem para revelar
nomes de pessoas importantes
envolvidas no esquema de corrupção da Sudam".
E disse que, se incluído no Programa de Proteção às Testemunhas, se comprometeria a "revelar nomes e valores de propinas".
Para o juiz, "a posição econômica e política dos requeridos, principalmente no Pará, onde Jader
sempre teve domínio político,
tem imposto às testemunhas o receio de colaborar com a Justiça".
Informado ontem de que o ex-senador pretende processá-lo,
Santos afirmou: "É uma faculdade dele. Ganhar é outra história,
outro departamento".
Crimes
A Justiça Federal em Tocantins
já identificou pelo menos seis crimes que teriam sido cometidos
pelos acusados de fraudar a autarquia: formação de quadrilha, estelionato, falsificação de documentos, uso de documentos falsos, peculato e lavagem de dinheiro.
Os 59 denunciados pelo Ministério Público deverão ser agrupados em vários processos. Serão
abertos processos contra pelo menos 11 deles, mas esse número poderá ser ampliado.
A Justiça Federal em Tocantins
informou ontem que a assessoria
do presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Tourinho Neto, pediu informações sobre a decisão de Santos por volta
das 16h de sábado, antes de ser
impetrado o habeas corpus em favor de Jader. Isso demonstraria o
interesse de Tourinho em tomar
uma decisão rapidamente.
Às 9h da manhã, a assessoria de
Santos recebera um telefonema
de um dos advogados de Jader,
Edson Messias. O advogado queria saber o número do telefone celular de Santos e disse que o juiz
Tourinho Neto já havia informado o número do telefone de uma
juíza de Tocantins.
Texto Anterior: Janio de Freitas: Quem é quem Próximo Texto: Delegado diz que pedirá indenização Índice
|