São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

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NO AR

E atenção!

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Carlos Tramontina, o apresentador do SPTV, recebeu um registro, em sua mesa, e encerrou assim a extensa e alarmante cobertura que o noticiário chamou de O Perigo da Dengue:
- E atenção! Uma informação que acaba de chegar: o ministro José Serra anunciou que acertou com o governo municipal o envio de mais mil agentes de saúde para o combate à dengue em São Paulo.
Uma ação do ministro da Saúde surgiu na televisão, afinal, para tratar da dengue -e não somente para responder aos adversários que o questionam, por responsabilidade na epidemia.
Ele vinha desaparecendo aos poucos do cargo.
Na noite do dia anterior, quem falou sobre as medidas contra a epidemia, no Jornal da Globo, foi seu eventual sucessor, secretário-executivo do Ministério da Saúde. Do ministro, nada.
Isso, em meio à notícia de que soldados do Exército vão entrar diretamente no combate à dengue no Rio.
Amanhã, Serra quer deixar definitivamente de ser ministro, no momento de maior pânico com a epidemia na televisão, para ser presidenciável.
Se ouvisse um marqueteiro, para dizer o menos, o tucano entenderia que um político não foge de cena, sob pena de não voltar mais.
 
Não é difícil identificar um político sob a influência de um marqueteiro.
Tome-se Fernando Henrique, que voltou a falar em rede nacional, agora para anunciar o que já se sabia, o fim do racionamento de energia.
Nas últimas semanas, o presidente não sai de cena, da televisão, seja em entrevistas coletivas, em comícios cobertos nos telejornais, o que for. Ontem, foi além do fim do racionamento, por exemplo:
- Já começamos a pagar a nossa histórica dívida social.
Estava em campanha por Serra -que prefere sair de cena.
 
Por falar em marqueteiro, o jornal "The New York Times" noticiou em manchete que o Pentágono, o ministério da defesa dos EUA, prepara um programa para influenciar a opinião pública mundial em favor das ações norte-americanas. É um desenvolvimento do que já fez no Afeganistão.
Foi criado um escritório chamado de Influência Estratégica. E já foi contratada uma empresa de marketing, de John W. Rendon Jr. Ele foi marqueteiro do ex-presidente democrata Jimmy Carter e, mais recentemente, da CIA.



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