São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

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CÂMARA

Governo faz concessões, mas partidos aliados não votam MPs que bloqueiam votação de emenda que prorroga imposto

Base não chega a acordo e ameaça CPMF

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo fez concessões, mas não houve acordo entre os partidos da base aliada, e a Câmara deixou de votar ontem as medidas provisórias que estão bloqueando a votação da emenda que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Sem a aprovação da emenda em dois turnos na Câmara e no Senado até o dia 15 de março, a cobrança do imposto do cheque será interrompida e o governo perderá receita, estimada em R$ 400 milhões por semana.
O presidente da Casa, Aécio Neves (PSDB-MG), fará nova tentativa em sessão extraordinária hoje. Se as duas medidas provisórias com o prazo de votação vencido forem apreciadas à tarde, convocará nossa sessão ainda hoje para tentar votar o primeiro turno do projeto da cobrança da CPMF.
Apenas uma das três medidas provisórias que estavam previstas na pauta ontem foi votada. Ela transforma a Comissão de Valores Mobiliários em autarquia para adequá-la à lei que alterou o regime das empresas de sociedades anônimas. A segunda MP esbarrou na dissidência. A bancada ruralista, com o apoio do líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), só concordava em votar a emenda que renegocia a dívida dos produtores rurais com alterações.
Eles querem que as condições favoráveis estabelecidas pela MP sejam estendidas para os produtores que tomaram empréstimos com recursos de fundos constitucionais. A MP é específica para as dívidas de crédito rural.
Em reunião no início da tarde, o governo já havia feito outras concessões. Concordou em alterar a MP que permite a contratação temporária de servidores públicos em caso de greves por períodos superiores a dez dias.
O relator da MP, deputado Freire Júnior (PMDB-TO), estabeleceu uma lista de serviços essenciais que podem ser objeto de contratação temporária, limitou a substituição em 50% do número de grevistas, condicionou a prorrogação do contrato temporário de três meses à existência de negociação do governo com os grevistas e estabeleceu o teto salarial dos temporários ao piso salarial da categoria.
A oposição está contra as duas MPs e vai tentar, primeiro, obstruir as votações. Depois, vai tentar derrubar as MPs.



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