|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NO AR
Da boca para fora
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Começou com o Jornal
Nacional de anteontem,
com William Bonner dizendo
que "o PFL estreou no papel de
oposição". O PFL "que sempre
foi governo".
Depois veio o Jornal da Globo
e também registrou a oposição
pefelista, "pelo menos da boca
para fora".
Da boca para fora ou não, tratado com ironia ou não, o PFL
se agarrou às pressas, na reabertura do Congresso, ao papel de
oposição.
E então o PSDB saiu a campo
às pressas ele também, a tempo
de levar o Bom Dia Brasil a dizer que "está definida a oposição" -citando não só o PFL,
mas o PSDB.
E assim prosseguiram durante
o dia inteiro tucanos e pefelistas,
correndo para ver quem ofendia
mais, diante das câmeras, o novo presidente.
Porque é uma oposição diferente, não como aquela do PT
ao governo de ambos, no passado. No comentário de Franklin
Martins, na Globo:
- O discurso é duro, mas isso
não quer dizer que o PFL vá fazer oposição sistemática. Ao
contrário, a tendência é ter um
comportamento ambíguo. Na
tribuna, críticas e cobranças. No
painel de votação, colaboração
e tolerância.
O que vale também para o
PSDB, acrescentou depois o comentarista na CBN.
A oposição de ambos é de retórica pesada -até para ver com
quem vai ficar a titularidade da
oposição, já que as duas legendas ainda não se compuseram
como bloco. Mas em substância
a nova oposição é, por enquanto, obscura.
De um lado, critica Lula por
estar fazendo tudo como ela,
oposição tucano-pefelista, faria.
De outro, critica Lula por não
estar fazendo tudo ao contrário
do que ela faria.
Sem substantivos, apela-se aos
adjetivos do gênero "amador",
"incompetente", e até à recusa
de convite para jantar.
É preciso viver o papel, ainda
que só no grito.
O antiamericanismo vai aos
poucos se espalhando pela televisão mundial.
O jornal londrino "The Guardian" noticiou uma pesquisa de
acompanhamento de cobertura
que mostra um número crescente de reportagens negativas aos
EUA pelo mundo. Um tom que
se acentuou sobretudo a partir
de janeiro.
Segundo o instituto alemão
Media Tenor, que realizou a
pesquisa, "se não fosse a cobertura extensiva da televisão nas
indicações para o Oscar, a proporção de noticiário negativo
seria ainda maior".
A redenção de George W.
Bush é Hollywood.
Texto Anterior: Rio: Benedita beneficiou ONG de sua cabeleireira com isenção fiscal Próximo Texto: Panorâmica - Estados: Petrobras diz que fará levantamento sobre caso de transferências de crédito Índice
|