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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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NO AR

Da boca para fora

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Começou com o Jornal Nacional de anteontem, com William Bonner dizendo que "o PFL estreou no papel de oposição". O PFL "que sempre foi governo".
Depois veio o Jornal da Globo e também registrou a oposição pefelista, "pelo menos da boca para fora".
Da boca para fora ou não, tratado com ironia ou não, o PFL se agarrou às pressas, na reabertura do Congresso, ao papel de oposição.
E então o PSDB saiu a campo às pressas ele também, a tempo de levar o Bom Dia Brasil a dizer que "está definida a oposição" -citando não só o PFL, mas o PSDB.
E assim prosseguiram durante o dia inteiro tucanos e pefelistas, correndo para ver quem ofendia mais, diante das câmeras, o novo presidente.
Porque é uma oposição diferente, não como aquela do PT ao governo de ambos, no passado. No comentário de Franklin Martins, na Globo:
- O discurso é duro, mas isso não quer dizer que o PFL vá fazer oposição sistemática. Ao contrário, a tendência é ter um comportamento ambíguo. Na tribuna, críticas e cobranças. No painel de votação, colaboração e tolerância.
O que vale também para o PSDB, acrescentou depois o comentarista na CBN.
A oposição de ambos é de retórica pesada -até para ver com quem vai ficar a titularidade da oposição, já que as duas legendas ainda não se compuseram como bloco. Mas em substância a nova oposição é, por enquanto, obscura.
De um lado, critica Lula por estar fazendo tudo como ela, oposição tucano-pefelista, faria. De outro, critica Lula por não estar fazendo tudo ao contrário do que ela faria.
Sem substantivos, apela-se aos adjetivos do gênero "amador", "incompetente", e até à recusa de convite para jantar.
É preciso viver o papel, ainda que só no grito.
 
O antiamericanismo vai aos poucos se espalhando pela televisão mundial.
O jornal londrino "The Guardian" noticiou uma pesquisa de acompanhamento de cobertura que mostra um número crescente de reportagens negativas aos EUA pelo mundo. Um tom que se acentuou sobretudo a partir de janeiro.
Segundo o instituto alemão Media Tenor, que realizou a pesquisa, "se não fosse a cobertura extensiva da televisão nas indicações para o Oscar, a proporção de noticiário negativo seria ainda maior".
A redenção de George W. Bush é Hollywood.


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