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Governo espera que Sarney rejeite CPI do Bingo
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer que a Mesa Diretora do Senado rejeite o pedido
de instalação da CPI do Bingo alegando que ela é inconstitucional
por não haver fato determinado,
condição para a criação de comissões desse tipo. Ou seja, não teria
fato específico no requerimento.
Por falta de articulação, senadores da própria base aliada contribuíram na obtenção das assinaturas necessárias para a CPI que, na
prática, deve investigar o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares
da Presidência Waldomiro Diniz.
A oposição resolveu usar a CPI
do Bingo como alternativa para
investigar Waldomiro. Segundo o
senador Magno Malta (ES), autor
do requerimento e líder do PL,
que é da base aliada, há 33 assinaturas para a criação da comissão,
seis a mais do que o necessário.
Dessas, 15 são da base aliada -7
do PT. "O fato determinado [da
CPI] é contravenção e o Waldomiro está no meio", disse Malta.
Outra alternativa para o governo é que os aliados, sobretudo os
sete petistas, retirem as assinaturas. Essa estratégia é considerada
a de maior prejuízo político. Senadores que estiveram com o líder
do governo na Casa, Aloizio Mercadante (PT-SP), anteontem,
quando foi anunciado que havia o
apoio necessário para a CPI, disseram que ele ficou "enlouquecido" ao saber da assinatura de petistas, principalmente a do ex-líder da bancada Tião Viana (AC).
Interlocutores do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP),
sugeriram a ele que não derrube a
CPI porque o PT teria criado o
problema e deveria resolvê-lo em
vez de empurrar o desgaste para o
presidente da Casa. Por outro lado, Sarney se fortalece com o governo, ajudando-o a sair da crise.
A relação de Sarney com Mercadante e com a líder do PT, Ideli
Salvatti (SC), está estremecida. O
presidente do Senado não gostou
da defesa feita por eles de uma
apuração mais ampla caso fosse
criada uma CPI do caso Waldomiro. Foi citado o caso Lunus, que
derrubou a candidatura de Roseana Sarney (PFL-MA), filha do
senador, à Presidência em 2002.
Segundo seu requerimento, a
CPI do Bingo vai investigar "a utilização das casas de bingo para a
prática do crime de lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores como a relação dessas casas e
de empresas concessionárias".
Para o governo, o requerimento é
genérico, não apontando caso específico a ser investigado, o que
seria suficiente para arquivá-lo.
Pelo menos oito Estados e o Distrito Federal têm leis ou decretos
que autorizam a exploração de
bingos, loterias e jogos eletrônicos, mas todos eles são alvo de
ações diretas de inconstitucionalidade no STF nas quais a Procuradoria Geral da República pede a
suspensão dessas atividades.
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