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Primeiro vem o
clarão, depois um
som ensurdecedor
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro vem um clarão. Depois, o barulho ensurdecedor,
algo "como se todos os rojões
de uma torcida de futebol explodissem ao mesmo tempo
dentro de um banheiro". Por
fim, há o deslocamento de ar,
que joga o corpo para trás e estilhaça os vidros da janela. E o
que resta, a seguir, é o barulho
dos alarmes dos carros, que
dispararam, e o latido desesperado dos cachorros.
Dessa maneira o repórter
Sérgio Dávila recorda o "seu"
primeiro míssil -na realidade
o primeiro artefato explosivo
lançado pela coalização militar
liderada pelos Estados Unidos
contra a capital do Iraque, que
explodiu em Bagdá às 5h36 do
dia 20 de abril de 2003.
Àquela altura, Dávila e o repórter fotográfico Juca Varella
-vencedores do Grande Prêmio Folha de Jornalismo de
2003- já haviam se instalado
no hotel Palestine e seriam, nas
semanas seguintes, os únicos
correspondentes brasileiros no
país. Quando a dupla enviada
pela Folha chegou à capital do
Iraque, havia 2.000 jornalistas
estrangeiros no país. Após o
início dos bombardeios, ficaram apenas 180.
Obrigados a dormir com capacete, botas e coletes à prova
de balas, Dávila e Varella enfrentaram muitas situações de
perigo, uma vez que optaram
por acompanhar o dia-a-dia da
população iraquiana que, apesar da guerra, tentava sobreviver em Bagdá.
"Nosso diferencial foi manter
o olhar brasileiro sobre o cotidiano daquelas pessoas", afirma Dávila.
O trabalho dos dois jornalistas também ganhou, em dezembro do ano passado, o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Reportagem.
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