São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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Primeiro vem o clarão, depois um som ensurdecedor

DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro vem um clarão. Depois, o barulho ensurdecedor, algo "como se todos os rojões de uma torcida de futebol explodissem ao mesmo tempo dentro de um banheiro". Por fim, há o deslocamento de ar, que joga o corpo para trás e estilhaça os vidros da janela. E o que resta, a seguir, é o barulho dos alarmes dos carros, que dispararam, e o latido desesperado dos cachorros.
Dessa maneira o repórter Sérgio Dávila recorda o "seu" primeiro míssil -na realidade o primeiro artefato explosivo lançado pela coalização militar liderada pelos Estados Unidos contra a capital do Iraque, que explodiu em Bagdá às 5h36 do dia 20 de abril de 2003.
Àquela altura, Dávila e o repórter fotográfico Juca Varella -vencedores do Grande Prêmio Folha de Jornalismo de 2003- já haviam se instalado no hotel Palestine e seriam, nas semanas seguintes, os únicos correspondentes brasileiros no país. Quando a dupla enviada pela Folha chegou à capital do Iraque, havia 2.000 jornalistas estrangeiros no país. Após o início dos bombardeios, ficaram apenas 180.
Obrigados a dormir com capacete, botas e coletes à prova de balas, Dávila e Varella enfrentaram muitas situações de perigo, uma vez que optaram por acompanhar o dia-a-dia da população iraquiana que, apesar da guerra, tentava sobreviver em Bagdá.
"Nosso diferencial foi manter o olhar brasileiro sobre o cotidiano daquelas pessoas", afirma Dávila.
O trabalho dos dois jornalistas também ganhou, em dezembro do ano passado, o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Reportagem.


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