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Aeronauta readmitida pela Vasp foi indenizada em R$ 1,2 milhão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A comissária de vôo Marisa de
Cássia Sella tinha três anos de idade quando ocorreu o golpe militar
de 1964. Participou de uma greve
na então estatal Vasp em 1986,
após o fim da ditadura, e, por isso,
foi demitida da empresa, para a
qual retornou nove meses depois.
Mas por ter sido anistiada pelo
Ministério do Trabalho em 1994,
Marisa obteve uma indenização
de R$ 1,2 milhão, aprovada pela
Comissão da Anistia.
Como no caso dos ex-funcionários da Petrobras, os aeronautas
que participaram da greve têm
obtido altas indenizações. O Ministério do Trabalho enxergou
motivação política para as demissões, e Marisa, como conseqüência do ato ministerial que atendeu
a outros 53 aeronautas, recebia
aposentadoria excepcional de R$
923 mensais. Com a decisão da
comissão, de junho de 2004, passará a receber R$ 6.900 por mês.
Procurada pela Folha por meio
do sindicato dos aeronautas, em
São Paulo, não foi localizada. No
processo, Marisa anexou uma petição citando a existência do relatório final do Trabalho de outubro de 1988: "A empresa e o governo julgaram haver por trás da
situação dos grevistas uma motivação política com o objetivo de
derrubar o Plano Cruzado".
Como em outros processos, a
comissão anotou: "A requerente
já se encontra anistiada pelo Ministério do Trabalho, razão pela
qual não se cogita de investigação
de motivação política do ato prejudicial à carreira e vida pessoal
da postulante".
Outro aviador, Walter Paul
Hermann Seiffert, 79, disse ter sofrido perseguições e passou 25
dias preso. "Eu trabalhava para
organizar o pessoal. Me considerava um "porra-louca'", contou.
"Acho que [a indenização] é uma
das coisas mais dignas que tem.
Todos fomos presos políticos. Eu
defendia a classe de qualquer jeito, não admitia que viessem tripudiar sobre minha situação."
Ele admitiu ter pedido demissão
do posto de comandante de vôos
da Varig nos anos 60, tendo que ir
trabalhar numa empresa pequena, no Norte do país. Sua indenização é uma das mais altas da comissão, R$ 1,89 milhão de retroativos e R$ 14,6 mil mensais. Seus
advogados anexaram no processo
da comissão depoimentos de aeronautas dizendo que Seiffert
"militava como ativista do sindicato nacional dos aeronautas".
De acordo com a decisão da comissão, "está devidamente provada a motivação exclusivamente
política que fez com que o requerente pedisse demissão do cargo".
(RV)
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