São Paulo, terça-feira, 20 de março de 2007

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JANIO DE FREITAS

Feliz aniversário


Quatro anos de guerra no Iraque restringiram direitos civis há mais de dois séculos vigentes nos Estados Unidos

QUATRO ANOS de guerra no Iraque: aí está a mais antidemocrática das guerras.
Não instalou a democracia no Iraque, levado à guerra civil concomitante à ocupação militar, e reduziu o padrão da democracia dos próprios ocupantes, com a restrição a direitos civis vigentes nos Estados Unidos há mais de dois séculos.
A propósito, o governo dos EUA pede agora autorização ao Congresso para engrossar a ocupação do Iraque com mais 4.000 soldados (além dos 21 mil pedidos há pouco). Custo da tropa adicional: US$ 3,2 bilhões. O exato dobro da proposta orçamentária de onde podem sair as colaborações prometidas pelo amigo Bush aos países latino-americanos.

Lá de trás
A croniquinha em torno de Edna Ezequiel, a mãe negra que ocupara com suas lágrimas as primeiras páginas, motivou um bilhete bondoso e comovente de José Gregori, ex-ministro da Justiça e hoje presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo. A par do efeito pessoal em mim, com a menção a um tempo "lá de trás", a mensagem de Gregori encerra uma lição ao jornalismo brasileiro.
Hoje em dia, nomes femininos são antecedidos de "dona", pelos jornalistas, só quando se trata de mulher de presidente ou de alguma figura das maiores altitudes.
José Gregori refere-se a "D. Edna". Tratamento reverencial a todas, como faz Gregori, ou, como adotei há muito tempo, em caso algum. A prática dos jornalistas brasileiros é discricionária, bajulatória e hipócrita.
Discreto, esse José Gregori jamais alardeou, como é da norma por aqui, seus múltiplos papéis na luta contra a ditadura e pelos direitos humanos. O "lá de trás", de onde vem o nosso conhecimento, foi uma noite de bela insensatez, quando o risco de certos atos não era só o de se mostrarem insensatos. Na mais movimentada praça de Ipanema, montamos um comício com todos os ingredientes de um grande comício, inclusive com participação de representantes de fora do Rio. Foi um sucesso, embora a imprensa, em respeito a suas alianças políticas e outras, nem notasse.
A oratória de pessoas então mais notórias não impediu que dois moços fossem as estrelas da noite, também pelo brilho, mas, nas circunstâncias, sobretudo pela bravura de seus discursos: Hélio Pellegrino, o mineiro do Rio, e o paulista José Gregori, esse pacato valente.

Sem resposta
Em minha tenebrosa ignorância, admito que Lula esteja conquistado pela simpatia do ministro Walfrido Mares Guia, mas não entendo que o distinga dos colegas, desde meados do primeiro mandato, com elogios tão especiais ao seu desempenho. Com mais atenção e informações do que eu, V.Sa. notou algo de especial ou de novo no turismo dos últimos quatro anos, a não o ser inconveniente aumento das viagens de brasileiros para gastar no exterior os dólares falsamente baratos?
Talvez por não morar em São Paulo, e portanto não conhecer as obras completas de Marta Suplicy, preciso abusar com mais uma indagação: V.Sa. sabe de ao menos uma frase de Marta Suplicy sobre turismo, sem que fosse dita em uma agência de viagens?
Não se preocupe em mandar respostas. Sinto que não poderiam melhorar a imagem deplorável da montagem de um ministério por Lula.


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