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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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RUMO A 2004

Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança) e Arnaldo Madeira (Casa Civil) são os preferidos para polarizar com o PT

Alckmin planeja lançar secretário em 2004

JULIA DUAILIBI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A cúpula do PSDB paulista quer aproveitar o que chama de "momento instável" da prefeita Marta Suplicy (PT) e já começou a trabalhar por um fato inédito na história dos tucanos: a conquista da Prefeitura de São Paulo.
Três nomes estão lançados para a disputa interna -o dos deputados federais Zulaiê Cobra e Walter Feldman e o do presidente do PSDB, José Aníbal-, mas não contam, pelo menos por enquanto, com o apoio do principal líder do partido no Estado, o governador Geraldo Alckmin.
Segundo tucanos ouvidos pela Folha, o governador planeja lançar um de seus secretários como candidato em 2004.
O nome mais forte na preferência de Alckmin hoje seria o de Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança), mas Arnaldo Madeira (Casa Civil) e Gabriel Chalita (Educação) também têm o apreço e o apoio do governador.
Oficialmente, o partido diz que só discutirá a indicação de um nome em 2004, e o governador afirma que não tem candidato e que ainda é cedo para o debate.
"Já estamos trabalhando para conquistar a Prefeitura de São Paulo, só que, por enquanto, nos concentramos na estruturação das bases, da militância e de um discurso", disse o deputado estadual Edson Aparecido, presidente do PSDB paulista.
Com Abreu Filho à frente dos tucanos, o governador acha que o PSDB poderá ocupar uma lacuna deixada pelo que o partido chama de "enfraquecimento do malufismo", já que Paulo Maluf (PP) não chegou ao segundo turno da disputa do governo do Estado, no ano passado, batido por José Genoino (PT) na reta final.
Além disso, o próprio Maluf tem afirmado que não será candidato no ano que vem.
A política linha-dura de Abreu Filho à frente da Segurança levaria o discurso do partido rumo à direita, ao encontro do eleitorado conservador, e deixaria o PSDB em condições de polarizar a disputa com o PT de Marta.
"Ao que tudo indica, a disputa do ano que vem irá se polarizar entre PSDB e PT, não apenas em São Paulo", disse Aparecido.
O problema, nesse cenário, é que Abreu Filho comanda, conforme pesquisas do governo demonstraram, o calcanhar-de-aquiles de Alckmin. Se a situação na segurança não estiver bem em 2004, ele perde força na disputa.
Madeira, principal articulador político do governador e ex-líder do governo FHC na Câmara, nesse caso, seria a opção, pois é considerado um tucano totalmente identificado com as bandeiras históricas do partido. Mas o secretário teria dito a Alckmin que gostaria de disputar sua sucessão em 2006. Restaria Chalita, amigo pessoal de Alckmin e da primeira-dama, Maria Lúcia.
A meta é encontrar um nome de consenso, mas todos, inclusive Aníbal, Zulaiê e Feldman, que tem apoio de importantes setores da sigla na capital, afirmam que o peso do governador no processo será decisivo.
Antes da escolha do nome, porém, o desafio do PSDB passa por uma reorganização da sigla em seu berço. Os dirigentes já identificaram centros em que a estrutura partidária está fraca na capital.
Uma pesquisa de opinião pública já foi encomendada para nortear as ações neste ano e uma espécie de junta foi criada para unificar as ações dos diretórios municipal e estadual. Aos vereadores, por enquanto, cabe a missão de bater no governo de Marta.
Em pesquisa Datafolha publicada no início do mês, Marta Suplicy recebeu a pior avaliação de seus dois anos e três meses de administração -a taxa de ruim ou péssimo chegou a 45%.
Uma vitória na capital paulista também é considerada fundamental pelos tucanos para cacifar Alckmin como um dos pré-candidatos do partido à sucessão do presidente Lula em 2006.
Dos principais cardeais do PSDB, três já sofreram derrotas na disputa pela prefeitura paulistana: Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Geraldo Alckmin.
O ex-senador Serra, candidato derrotado dos tucanos à Presidência, também surge em algumas correntes como um nome para disputar a prefeitura.
Mas, segundo tucanos ligados a ele, é mais provável que Serra prefira esperar até 2006 para concorrer à sucessão de Alckmin ou novamente à Presidência.


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