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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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AMAZÔNIA

Disputa política na Suframa atrasa projetos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) voltou a ser alvo de uma disputa política -vista pela última vez em 1995, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu intervir na autarquia federal mais importante da Amazônia.
Com uma arrecadação própria anual de mais de R$ 180 milhões e com poderes de Estado, o governo Lula não decidiu ainda o nome que vai ocupar a Suframa, hoje administrada pelo economista Ozias Monteiro Rodrigues -indicado no governo passado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), hoje na oposição.
Já circularam pela mesa do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), os nomes da funcionária de carreira do órgão Flávia Grosso, que tem ligações com o grupo dos senadores Arthur Virgílio e Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), e o do economista Serafim Corrêa (PSB), apoiado por Alfredo Nascimento (PL), prefeito de Manaus.
A Agência Folha apurou que os governadores do PT Jorge Viana (AC) e Flamarion Portela (RR) vetaram o nome de Grosso e preferem a permanência do atual superintendente. O PT local vetou o nome de Corrêa.
O descontentamento pela indefinição de um nome levou ontem o senador Jefferson Péres (PDT-AM) a ameaçar não apoiar o governo Lula no Senado: "Estou advertindo [o governo] de que me sinto desobrigado de dar apoio ao governo no Senado. A Suframa é ponto fundamental para esse apoio. Quero saber quem vai ficar na Suframa, é o único cargo a respeito do qual eu acho que aqueles que têm representativa política e que são da base de sustentação, todos, devem opinar".
O orgão gastou em 2002 R$ 14 milhões no CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia), ainda parado por faltar equipamentos.
O Amazonas abriga 400 indústrias incentivadas que contribuem para o aumento de arrecadação da Suframa. "É uma situação em que o governo Lula terá que tomar uma decisão", disse o governador Eduardo Braga (PPS-AM), que apóia Grosso.
Para o presidente do Cieam (centro de indústrias do AM), Maurício Loureiro, a indefinição na Suframa é prejudicial, já que 70 projetos estão parados. "Em cem dias [do governo Lula] não foi aprovado nada. Não é bom porque esses 70 projetos significam 1.700 novos empregos e investimentos de R$ 250 milhões". (KB)


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