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CAMPO MINADO
Em programa de rádio, presidente pede que os movimentos sociais evitem radicalizar as manifestações
Lula cobra mais responsabilidade do MST
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva aproveitou seu programa
quinzenal de rádio para cobrar
responsabilidade dos movimentos sociais e, ao mesmo tempo,
pedir que evitem a radicalização
das manifestações. O recado do
presidente foi para sindicalistas,
servidores públicos e lideranças
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Lula disse que protestos populares são inerentes à democracia.
"Quem quiser fazer manifestações, este é um país democrático,
um país livre, as pessoas podem
fazer. O que não podem é perder o
senso de responsabilidade."
Em relação ao MST, o presidente afirmou que a reforma agrária
será feita de forma "tranqüila" e
"pacífica" porque "eles [o dirigentes do MST] sabem que este
país tem lei, regras. E ela vale para
o presidente da República, para o
sem-terra e para o "com-terra"."
Ele usou sua experiência como
sindicalista para dizer que, quando liderou manifestações e radicalizou, não foi bem sucedido. "Se
quiserem radicalizar, as pessoas
sabem que isso não as ajuda. Já fui
dirigente sindical, radicalizei muitas vezes e tive bom senso em outras vezes. E toda vez que prevaleceu o bom senso, eu ganhei. Toda
vez que prevaleceu o radicalismo,
eu perdi", afirmou.
Lula pediu aos líderes de movimentos sociais cuidado com o
que falam. "Se posso dar um conselho aos meus companheiros do
movimento social, é: ajam com a
maior responsabilidade possível,
porque todos nós seremos vítimas das nossas palavras."
O governo vem sofrendo pressão de várias categorias de servidores públicos que exigem aumento salarial. Uma parte dos
servidores federais, por exemplo,
decidiu anteontem entrar em greve por tempo indeterminado a
partir de 10 de maio.
A greve é uma resposta à proposta do governo de promover
reajustes diferenciados por categoria e com índices menores para
os aposentados. A proposta do
governo prevê reajustes diferenciados que vão de 13,22% a
32,07% para funcionários públicos em atividade e de 9,94% a
28,95% para os aposentados.
Prometendo "infernizar" o governo, o MST também aumentou
as invasões em março e abril.
Lula também disse, sobre passeatas de sem-terra e ameaças de
greve, que governantes não podem se contentar só com elogios.
"Ele [o governante] tem que ter
a mesma sensibilidade para as
pessoas que o elogiam, mas também para as pessoas que o criticam. Até porque, às vezes, quando criticam o governo, estão mais
certos do que os que elogiam",
afirmou no programa de rádio.
Investimentos no campo
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem à
noite que as invasões de terras
promovido pelo MST são algo
"preocupante e desestabilizador
das possibilidades de investimento no campo". De acordo com Rodrigues, a onda de invasões deflagrada pelos sem-terra é objeto de
inquietação no governo. "O governo está operando peremptoriamente, sistematicamente e será
feita a reforma agrária no Brasil.
Porém, dentro do império da lei."
Indagado pelos jornalistas se o
governo estaria sendo desastrado
ao tratar do tema, o ministro usou
como argumento que as respostas
às invasões têm que ser amparadas por instrumentos legais.
"Quando há uma invasão, o governo tem poucas condições porque há uma série de impedimentos burocráticos. É preciso fazer o
pedido de reintegração de posse,
há todo um processo jurídico até
que a área invadida seja reintegrada. Estamos colocando recursos à
disposição [dos órgãos responsáveis], promovendo desapropriações diárias e colocando em prática as medidas para promover a
reforma agrária dentro de um
programa legal."
(GABRIELA ATHIAS)
Colaborou JOSÉ ALAN DIAS, da Reportagem Local
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