São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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Não estamos sendo radicais, diz líder

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em resposta ao pedido de não-radicalização que o presidente Lula fez aos movimentos sociais ontem em seu programa de rádio, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) afirmou que não está sendo radical e que está agindo "dentro da legalidade e da democracia".
"O MST não acredita que está sendo radical, tendo em vista que todas as ações que realizamos neste mês de abril estão dentro do marco da legalidade e da democracia", afirmou o coordenador nacional do movimento João Paulo Rodrigues.
No programa "Café com o Presidente", Lula pediu mais responsabilidade aos movimentos sociais. "Se as pessoas quiserem radicalizar, as pessoas sabem que isso não as ajuda. Eu já fui dirigente sindical, já radicalizei muitas vezes. (...) Toda vez que prevaleceu o radicalismo, eu perdi."
Também no programa, Lula falou que fará reforma agrária "tranqüila" e dentro da lei. Questionado, Rodrigues também retrucou. "O MST está de acordo com presidente Lula, também queremos a reforma agrária dentro da lei, desde que se faça", afirmou Rodrigues.
Ele ainda pediu que o presidente da República cumpra a Constituição brasileira. "Ela [a Constituição] diz que toda a área que não cumpre a função social deve ser destinada para fins de reforma agrária."
De acordo com o MST, o ritmo de invasões de terras -ocorridas desde março até o último sábado, quando foi lembrada a morte de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás (PA)- irá diminuir a partir desta semana.

Pernambuco
Em Pernambuco, Jaime Amorim, coordenador do MST no Estado, disse que "a "jornada de luta" já passou e que as principais ocupações já foram feitas". Para ele, a onda de invasões registradas desde março, início da "jornada", terminou, e o ritmo de invasões no Estado será mais lento.
Pernambuco registrou o maior número de invasões no país. Nos 22 dias que durou a "jornada", 31 áreas foram invadidas pelo MST. Segundo Amorim, a decisão de terminar com a onda de invasões "já estava tomada" e não se deu em razão de posições adotadas pelo governo federal.
A coordenação estadual do MST também se reuniu ontem com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). De acordo com o MST, a principal reivindicação do movimento -para que técnicos do Estado colaborem com o Incra na vistoria das fazendas- foi atendida. Em nota, o governo do Estado afirmou que, desde que seja solicitado pelo Incra, está disposto a autorizar a contratação de técnicos para apoiar os processos de vistoria necessários.


Colaborou VICTOR RAMOS, da Agência Folha

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