São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004 |
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BRASIL PROFUNDO Mortos resgatados são 26 para a PF e 25 para a Funai; sindicato diz que "será muito" se três forem reconhecidos PF resgata corpos de garimpeiros em RO
HUDSON CORRÊA DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIMENTA BUENO (RO) Com uma rede e um helicóptero, a PF (Polícia Federal) retirou no final da manhã de ontem 26 corpos de garimpeiros da terra indígena dos cinta-larga, em Espigão d'Oeste (534 km de Porto Velho). O delegado Mauro Sposito confirmou o número de mortos. Índios mataram os garimpeiros na disputa por diamantes extraídos na área, segundo a PF. A Funai (Fundação Nacional do Índio) diz que os mortos resgatados ontem são 25. Sposito disse que continuam as buscas por mais corpos. Para o Sindicato dos Garimpeiros de Espigão d'Oeste, "com certeza", mais 35 homens foram mortos por índios na área. A PF não tem uma estimativa do número de desaparecidos após a chacina. Enrolados em lonas amarelas, os corpos resgatados ontem foram levados de helicóptero de uma clareira na mata, na terra indígena, até a pista de pouso localizada ao lado de uma usina de extração de calcário, em Pimenta Bueno. O local fica distante 35 km da entrada da área indígena. O helicóptero fez duas viagens. Em cada uma delas, transportou 13 corpos suspensos no ar. Na pista, oito policiais militares puseram os cadáveres dentro de um avião monomotor da Polícia Federal, que fez duas viagens entre a pista da usina e o aeroporto de Ji-Paraná. De lá, os cadáveres foram transportados em um caminhão-baú para o IML (Instituto Médico Legal) de Porto Velho. Estava prevista para as 20h de ontem a saída de Espigão d'Oeste de um ônibus com familiares de garimpeiros para fazer o reconhecimento dos corpos. "Será muito se reconhecerem 3 dos 26 mortos. Eles foram mutilados", disse Gilton Muniz, presidente do sindicato dos garimpeiros. A Agência Folha acompanhou uma parte do trabalho de transporte dos corpos. A operação começou às 10h e terminou às 14h40. Pelo menos três corpos estavam reduzidos a ossos a julgar pelo volume dentro da lona. Sposito e o superintendente da PF em Rondônia, Marcos Aurélio Moura, não revelaram detalhes da operação. Por isso, a reportagem chegou à pista de pouso e decolagem quando os últimos 13 corpos estavam sendo colocados no avião pelos policiais. O sertanista Apoena Meireles, designado pela Funai para acompanhar o conflito, disse no domingo que os líderes indígenas não aceitaram falar com a reportagem. Ele não negou que os índios tenham matado os garimpeiros, mas não quis dar entrevista. O massacre ocorreu no dia 7 dentro da terra indígena. Além dos 26 corpos, outros três tinham sido resgatados no dia 11 pela PF. Texto Anterior: Sem-terra fizeram 90 invasões desde março Próximo Texto: Índios podem ser processados por homicídio Índice |
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