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BRASIL PROFUNDO
Presidente do órgão diz que não condenará os cinta-larga por mortes de garimpeiros em RO e que providenciará defesa
Para Funai, garimpeiros sabiam de risco
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio
Pereira Gomes, disse ontem que
não condenará os índios cinta-larga pelo assassinato de ao menos 28 garimpeiros num conflito
em Rondônia e que os garimpeiros sabiam do risco de morte.
"Sou humanista. Não acredito
na morte nem na violência. Mas
também não posso ficar condenando os índios por defenderem
seu território. Eles [os garimpeiros] sabiam do risco [de morte]."
Na sexta, foram localizados 26
corpos de garimpeiros -segundo informou a Funai em Brasília,
são 25- mortos no conflito com
índios cinta-larga ocorrido no último dia 7, na terra indígena Roosevelt, em Espigão D'Oeste. Três
corpos já haviam sido achados.
De acordo com Gomes, a Funai
defenderá os índios. "Antigamente, com muito mais freqüência,
eram os garimpeiros que matavam os índios. Eram madeireiros
que matavam índios, como, aliás,
continuam. Quem quiser responsabilizá-los pelo crime que o façam. A Funai vai defendê-los",
disse, antes de participar de ato
pelo Dia do Índio, em Brasília.
"Senti muito [os assassinatos],
mas o que temos é um processo
histórico de terras indígenas sendo invadidas por garimpeiros."
Gomes disse que espera por
uma força-tarefa para pacificar a
região dos cinta-larga e que o Ministério de Minas e Energia ache
jazidas de diamante fora da área
indígena para ocupar os garimpeiros sem risco de novos confrontos. "É difícil proteger toda a
área da entrada dos garimpeiros."
A Procuradoria Geral da Funai
diz que nem todo índio pode ser
considerado incapaz. Assim, estaria sujeito à condenação judicial.
O presidente da UDR (União
Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que as
declarações de Gomes são um alvará para os fazendeiros reagirem
do mesmo jeito. "Quando índios
forem invadir fazendas, a idéia é
que possamos agir atirando."
Ontem, a entidade Dhesc Brasil
(Plataforma Brasileira de Direitos
Humanos Econômicos, Sociais e
Culturais) divulgou que entregou
um relatório sobre a situação dos
cinta-larga a cinco ministérios em
dezembro, no qual vislumbrava a
possibilidade de haver conflitos.
Colaborou a Redação
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