São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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Força-tarefa do governo tenta acabar com crise

ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO)

O governo federal enviou ontem à Rondônia uma força-tarefa composta por soldados do Exército e delegados da Polícia Federal com a missão de pacificar garimpeiros e índios na reserva Roosevelt. O pedido de auxílio por forças federais foi feito pelo governador Ivo Cassol (PSDB) na semana passada ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
"Está chegando hoje uma força-tarefa do Exército e da Polícia Federal no Estado. Espero que esse trabalho seja diretamente direcionado sobre essa questão do conflito na área indígena", disse Cassol.
Esta é a segunda vez que o governador pede auxílio à Brasília para resolver problemas em Rondônia. Em fevereiro do ano passado, Cassol solicitou uma intervenção federal no Estado devido à infiltração do "crime organizado" nas três esferas estaduais.
O governador não soube detalhar por quanto tempo o Exército e a PF vão permanecer no interior da reserva, nem os objetivos claros da missão. Teria sido informado apenas de que os soldados e delegados tentarão impedir a entrada de garimpeiros e a extração de diamantes.
O conflito entre garimpeiros e índios pela jazida de diamantes da reserva Roosevelt também não é assunto novo para o Estado. Porém, a relação entre os grupos, sempre segundo Cassol, era mais "harmônica" antes do servidor Walter Brós assumir a representação da Funai (Fundação Nacional do Índio).
"No passado, eles trabalhavam harmoniosamente. Dizem eles que chegou a ter até 5.000 garimpeiros dentro da reserva Roosevelt. Quando chegava o dia, paravam, iam para a cidade e vendiam toda a produção. Garimpeiros e índios, todos juntos, dividiam 50% para cada."
Com a chegada de Brós, esse acordo entre índios e garimpeiros teria sido desfeito, por isso a volta da tensão na reserva, disse Cassol. Só no ano passado, podem ter morrido 300 garimpeiros em confrontos, disse o governador.
A assessoria de imprensa da Funai informou ontem que o servidor de carreira Walter Brós tem o total apoio da autarquia para prosseguir seu trabalho com os índios cinta-larga.
Segundo a Funai, o servidor chegou a Rondônia em setembro passado para auxiliar a Polícia Federal na retirada de garimpeiros da região indígena. Ele atuava em Brasília.
IURI DANTAS


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