São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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TODA MÍDIA

Reféns do medo

NELSON DE SÁ

Serão dois discursos, dois espetáculos, em que cada palavra de Alan Greenspan, o presidente do banco central americano, será analisada por investidores do mundo todo -e pelo Brasil em particular.
O primeiro é hoje, informa o "Wall Street Journal":
- Investidores querem dicas de Greenspan sobre a direção que vão tomar as taxas de juros.
É o que esperam sobretudo os mercados de Brasil, Argentina etc. Segundo a "Forbes":
- Quaisquer sinais de Greenspan, sobre o futuro da política monetária americana, serão de importância crucial nos mercados da América Latina.
A agência Reuters vai além e declara, em título:
- Emergentes são reféns do medo da taxa americana.
Do funcionário de um banco de investimentos:
- Tudo gira em torno da taxa.
Para piorar as coisas, o Banco Mundial divulgou um relatório com elogios aos mercados emergentes, mas avisando:
- O desafio para os países em desenvolvimento é que estejam preparados para a contingência de taxas mais altas.
O FMI sugere o pior, segundo o "Financial Times" -ontem reproduzido pela Globo:
- O FMI vai recomendar aos EUA que aumentem a taxa de juros para conter a inflação. O documento preparado pelo Fundo vai ser divulgado quarta, mesmo dia do pronunciamento de Greenspan.
Canais de notícia devem transmitir ao vivo, a partir de hoje. E amanhã também.
 
Se o FMI pede juros mais altos, com prejuízo para os países em desenvolvimento, estes estão perto de vencer uma disputa no próprio Fundo.
"Financial Times", Bloomberg e outros noticiam que o nome apoiado pelo Brasil e outros 16 latino-americanos deve ganhar a direção do FMI.
O motivo dado para os apoios de última hora a Rodrigo Rato é precisamente "sua ligação com grandes endividados, como a Argentina e o Brasil".

OS ACORDOS DO PRESIDENTE




A entrevista de Bob Woodward, anteontem à rede CBS (acima), balançou os EUA. Ou pelo menos é o que afirma o "Washington Post", onde ainda trabalha Woodward -de Watergate, vivido por Robert Redford no filme.
O que mais chocou foi a informação de que a Casa Branca selou acordo com o embaixador saudita para cortar o preço do petróleo antes da eleição americana.
George W. Bush não respondeu, sua assessoria apenas admitiu que os sauditas haviam prometido manter o preço do barril num certo patamar. Mas John Kerry, o adversário democrata, saiu atirando no "acordo secreto" e nas "relações amorosas" de Bush com os sauditas. "É revoltante e inaceitável", declarou, nos canais de notícia.

Moderação
Entre as cenas do conflito de policiais e sem-teto, no Jornal Nacional, o governador Geraldo Alckmin declarou:
- O que estamos vendo é o abril vermelho urbano.
E um líder sem teto reagiu:
- Seja lá o nome que quiser dar, é a calamidade social em que se encontra o povo.
Entre os dois pólos opostos pelo Jornal Nacional, Lula surgiu para pedir "moderação".

Lula x FHC
O blog de Ricardo Noblat diz que o Vox Populi, em sua nova pesquisa, perguntou em quem o brasileiro votaria hoje:
- Lula bateu FHC por mais de 20 pontos.

Responsabilidade
Do presidente da Bunge, dada como "a maior corporação de processamento de óleo vegetal do mundo", à Reuters:
- Olhando o futuro, é cada vez maior a responsabilidade do Brasil de alimentar o mundo.
E anunciou R$ 1,3 bi para os "portos ineficientes" daqui.

Sinal forte
Começou ontem, mas pouco se percebeu, uma campanha mundial "contra a disseminação dos transgênicos".
Segundo um comunicado do Greenpeace, no site Terre-net, é preciso dar "um sinal forte ao maior produtor de soja não transgênica, o Brasil".

Floresta
O jornal "Miami Herald" e a revista "The Economist" trazem extensas reportagens em busca de saídas para "desenvolver o Brasil e salvar a Amazônia". A revista pergunta:
- O país precisa realmente escolher entre comércio exterior e a floresta?

Orientação
O site Mon Choix noticia que a proposta de resolução do Brasil à ONU, para tornar a orientação sexual um "direito humano", não morreu ainda, apesar das pressões católicas.
Há poucos dias, a Comissão de Direitos Humanos programou para 2005 o exame da proposta que o site chama de "histórica".



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