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LAVOURA ARCAICA
CPT divulga balanço de conflitos no campo
"José Alencar é conivente com o trabalho escravo", diz dom Tomás
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT),
dom Tomás Balduíno, acusou ontem o vice-presidente e ministro
da Defesa, José Alencar, de ser
"conivente" com o fato de camponeses atuarem no Brasil em situação análoga à escravidão.
"Até que se prove o contrário,
ele é conivente com o trabalho escravo, porque ele disse que isso
que acontece aí, esses 3.000 [trabalhadores] que [em 2004] foram
libertados, eles não são escravos",
disse o presidente da CPT, em
evento de lançamento do caderno
de conflitos no campo em 2004.
O ataque de dom Tomás baseia-se em declaração de Alencar no
ano passado, durante congresso
sobre agronegócio: "Não posso
dizer que haja trabalho escravo.
Há trabalho degradante. Escravo
é quem não tem liberdade e tem
dono. É preciso não haver condenação contra o setor agrícola moderno sem apuração".
Ontem, a coordenação da pastoral também citou o apoio de
Alencar nas últimas eleições a Antério Mânica, prefeito eleito de
Unaí e acusado de ordenar, no
início do ano passado, o assassinato de quatro funcionários do
Ministério do Trabalho.
Informada sobre o teor da reportagem, a assessoria de Alencar
não se manifestou sobre as declarações de dom Tomás Balduíno.
A CPT divulgou ontem seu balanço de conflitos no campo de
2004. Segundo a entidade, o número de invasões de terra avançou 26% de 2003 para 2004, passando de 391 para 496 casos. O total registrado no ano passado, no
entanto, ficou abaixo dos registrados em 1998 (592) e 1999 (502).
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