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Polícia diz que bicheiros são os donos dos bingos do Rio
Chefes do jogo do bicho controlam a Aberj, que seria o elo com o setor público
Vice-presidente da entidade é apontado como o maior "bingueiro" do Estado; Aberj não se manifestou sobre acusações da polícia
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Os três chefes do jogo do bicho presos pela Polícia Federal
são os verdadeiros donos dos
bingos no Estado do Rio e controlam a associação dos empresários que exploram a atividade, embora seus nomes não
constem das composições societárias, afirma o Ministério
Público Federal. Em seu lugar
aparecem "laranjas".
Outro sócio da maioria das
casas de jogos do Rio é José Renato Granado Ferreira, hoje vice-presidente e antes presidente da Associação dos Administradores de Bingos e Similares
do Estado do Rio (Aberj). Granado é considerado o maior
"bingueiro" do Rio e também
foi preso. Ele é dono da Betec
Games, empresa que foi beneficiada por decisões judiciais que
liberavam caça-níqueis e alugou máquinas de empresário ligado a Carlos Cachoeira, filmado negociando propina com
Waldomiro Diniz, assessor do
então ministro José Dirceu.
Encaminhado à Justiça, o relatório da Procuradoria aponta
que Antônio Petrus Kalil, o
Turcão, Aniz Abrahão David, o
Anísio, e Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, "são
verdadeiramente as pessoas
que comandam a organização,
a quem cabe a decisão final sobre a atuação do grupo".
"Embora não apareçam formalmente como sócios ou proprietários de empresas que exploram máquinas caça-níqueis,
são eles [os bicheiros] que decidem quem pode exercer a atividade e que autorizam a abertura de novas casas de bingo na
região onde estão instalados",
diz o relatório, assinado pelo
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza.
A Associação dos Administradores de Bingos e Similares
do Estado do Rio de Janeiro
não se manifestou sobre a acusação de que os bicheiros seriam os reais donos dos bingos.
Os advogados que defendem
Aniz Abrahão David, Capitão
Guimarães e Antônio Petrus
Kalil não foram localizados.
O relatório diz que, "para a
consecução de seus objetivos",
os chefões do jogo do bicho "valem-se da Aberj, entidade instituída com a finalidade exclusiva de acobertar as atividades
ilícitas dos seus integrantes".
José Renato Granado é apontado pela PF e pelo procurador-geral como "laranja". Ele e os
demais subalternos da quadrilha se referem aos bicheiros como "os tios" nas conversas gravadas. Além de Granado, são citados como donos de bingos
outros seis empresários que
prestam contas de suas atividades aos bicheiros. Além de explorar "jogos de azar", eles são
acusados de usar nas máquinas
"componentes eletrônicos irregularmente importados".
A Folha apurou que, em geral, o lucro do bingo é do "dono" e administrador da loja, enquanto as máquinas caça-níqueis instaladas pertencem aos
bicheiros. Seu lucro é repartido
entre os proprietários do equipamento e o sócio majoritário
do bingo (que recebe de 20% a
40% do bruto das máquinas).
A Aberj seria o elo corruptor
entre a cúpula do jogo do bicho
e os agentes públicos nas polícias, na Justiça e no Ministério
Público. O relatório diz que
membros da organização se beneficiam com a compra de "informações privilegiadas repassadas por policiais federal e civil, bem como tendo a atividade assegurada por decisões judiciais obtidas mediante o oferecimento de vantagens".
Colaborou a Sucursal de Brasília
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