São Paulo, segunda, 20 de abril de 1998

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DÍVIDA
Dificuldade é limite de 60% com pessoal
Desafio de Estados é redução de despesas

VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília

O principal desafio na área fiscal para os governadores que forem eleitos ou reeleitos neste ano será a redução dos gastos com pessoal no primeiro ano de mandato. No ano passado, o Distrito Federal e 16 Estados gastaram com pessoal mais de 60% da sua receita líquida, conforme dados do Tesouro Nacional.
A Lei Camata determina que esse gasto deverá ser de, no máximo, 60% da receita líquida do Estado em dezembro de 1998, mas esse prazo deverá ser prorrogado por projeto de lei ainda em elaboração no Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.
"Muitos governadores terão de fazer ajustes nas suas contas, em especial nas despesas com pessoal", disse à Folha o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
'Ò primeiro ano de governo é o momento mais propício para se fazer mudanças e reduzir os gastos e encargos com pessoal", afirmou o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. No caso de quem for reeleito, 1999 não será o primeiro ano de governo.
Para dar aos Estados e aos governadores instrumentos para reduzir seus gastos com pessoal no próximo ano, o governo pretende concluir até novembro a regulamentação das mudanças previstas na reforma administrativa aprovada no começo de março pelo Congresso Nacional, disse Parente.
Demissão nos Estados

A emenda constitucional da reforma, que ainda não foi promulgada, prevê a demissão por excesso de quadros quando os gastos com pessoal da União, Distrito Federal, Estados e municípios superarem 60% da receita líquida.
Na regulamentação da emenda, o governo pretende propor os seguintes critérios para a demissão por excesso de quadros: produção do servidor, idade, tempo de serviço e avaliação por meio de um exame.
'À reforma administrativa poderá ajudar os Estados a se enquadrar nos limites da Lei Camata, mas não terá grandes reflexos sobre a situação fiscal", disse o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Segundo ele, são importantes outras medidas de ajuste nos Estados.
No ano passado, o déficit dos Estados e municípios ficou em R$ 5,502 bilhões pelo conceito primário -que não inclui despesas com juros. Em janeiro deste ano, a situação melhorou e foi registrado superávit de R$ 420 milhões. Mesmo assim, a expectativa para este ano é de novo déficit.
Acordos
Por outro lado, disse Velloso, existem os acordos de renegociação de dívidas assinados pelos Estados -21 até agora. Nesses acordos, eles se comprometeram com metas para reduzir despesas e aumentar receitas.
Um ponto importante nesses acordos, segundo Velloso, é quanto cada Estado irá efetivamente pagar ao Tesouro até novembro. Afinal, será a primeira vez que os Estados pagarão parte de sua dívida mobiliária (em títulos) e isso será importante para a redução do déficit público.
Parente disse que o governo ainda não concluiu as projeções sobre a situação fiscal dos Estados para 1998 e 1999. Neste ano, porém, o governo já sabe que o déficit deve aumentar devido ao uso dos recursos obtidos com privatizações em obras e no pagamento de outras dívidas.
De qualquer maneira, ele afirmou que os acordos de renegociação de dívidas têm prazos para que os Estados equilibrem suas contas.


Os Estados que comprometem mais de 60% da receita líquida com gastos de pessoal são: Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe.



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