São Paulo, segunda, 20 de abril de 1998

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Ex-governador "inaugura' obra como se estivesse no poder e "mata hora' em shopping center
Quércia faz campanha "fantasma"

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

Liderança eleitoral respeitável no Estado até 94, o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) faz uma campanha "fantasma" para voltar ao poder. Quércia "inaugura" obra como se ainda estivesse no Palácio dos Bandeirantes e, na falta do que fazer, "mata hora" em shopping center.
Durante dois dias, a Folha acompanhou a campanha de Quércia. No interior, reduto que assegurou até 94 a sua fama de bom de urna, a tarefa é convencer antigos seguidores de que vai levar a candidatura até o fim.
A incredulidade dos adeptos foi constatada por Quércia na última terça-feira, em Jales (580 km a noroeste). A insistência dos comentários apontando a iminência de um acordo para apoiar Francisco Rossi (PDT) forçou o ex-governador a bradar na Câmara da cidade. "Gente, sou candidato a governador, sim."
O lance mais curioso da viagem ocorreu na divisa de São Paulo e Mato Grosso. Seguido por cerca de duas centenas de peemedebistas, Quércia travestiu-se de governador em exercício e "inaugurou" uma obra que deverá ser inaugurada de fato nos próximos dias pelo atual ocupante do Palácio dos Bandeirantes, Mário Covas (PSDB).
Trata-se da ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, uma obra de R$ 550 milhões. "É uma obra do Quércia e resolvi visitá-la já que o Covas não vai me convidar para a festa", disse.
Por alguns momentos, Quércia incorporou o papel de governador. Subiu em mureta e discursou. "Estou muito feliz por fazer essa vistoria", festejou. A inauguração "fantasma" deve render polêmica. O governo Covas lotou o canteiro de obras indicando que a ponte começou a ser construída em abril de 91. Quércia governou até março de 91.
O dia estranho de Quércia foi concluído por outro evento inusitado para quem concorre ao governo paulista: um churrasco em Aparecida do Taboado, cidade do Mato Grosso do Sul.
A improvisação marcou a quinta-feira da campanha, em São Paulo. Sem ter o que fazer antes de uma reunião com líderes comunitários da zona noroeste, Quércia passou 20 minutos no bar do italiano Domenico Antonio Frisina conversando sobre a Itália. A luta para preencher o tempo levou Quércia a um passeio pelo shopping center de Pirituba: "Vou matar o tempo aqui antes da reunião".



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