São Paulo, Terça-feira, 20 de Abril de 1999
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PAINEL

Bomba ambulante

O adiamento do depoimento de Chico Lopes na CPI dos Bancos causou alívio ao Planalto. Temia-se que o ex-presidente do BC, abalado emocionalmente pela invasão de sua casa pela polícia, chutasse o pau da barraca e desandasse a falar sobre outros atos polêmicos do governo.

Esqueletos no armário

Enquanto estiver restrita aos bancos Marka e FonteCindam, avalia-se no governo e no mercado que a CPI não deve provocar maiores estragos na economia. Problema seria se Chico Lopes, sob pressão, começasse a falar de coisas antigas que possam respingar sobre FHC.

Senhor abafa

O principal artífice da transferência do depoimento de Chico Lopes foi José Roberto Arruda (PSDB), ex-líder do governo no Congresso. Lopes já estava na cidade, mas boa parte dos senadores que votou pelo adiamento pensava que ele estava no Rio.

Precisando aparecer

FHC será o entrevistado do ""Roda Viva" da TV Cultura Na próxima segunda-feira. O evento será transmitido ao vivo do Palácio da Alvorada, em Brasília.

Reação tímida

O Programa de Renda Mínima do governo federal começa a sair do papel. Na próxima sexta, Paulo Renato (Educação) assina o primeiro lote de convênios com 80 municípios de todos os Estados, inclusive de São Paulo.

Ponto fraco

Maldade que corre no Congresso sobre a liberação das nomeações do PMDB para o governo: só mostrou, mais uma vez, que FHC cede quando é pressionado. É uma referência à CPI dos Bancos, pedida pelo partido.

Linha ocupada

Relator da CPI da Telefônica na Assembléia paulista, Jilmar Tatto (PT) recebeu, em uma semana, cerca de 700 reclamações e denúncias de usuários. O número do gabinete é 886-6588.

Maldade carioca

De um político do Rio de Janeiro que se autodefine como ""futuro ex-aliado" de Anthony Garotinho (PDT), sobre o governador do Estado: ""Ele parece um vendedor das Casas Bahia".

Conservador

Um trecho do depoimento à PF de Chico Lopes chamou a atenção dos senadores: o ex-presidente do Banco Central mantinha seu dinheiro aplicado num fundo de renda fixa. Quem especulava, estava em fundo cambial.

Refazendo amigos

Malufistas estão procurando políticos e aliados que estavam insatisfeitos com o cacique. Em meio ao tiroteio da CPI da máfia dos fiscais paulistana, a última coisa que o pepebista quer é aumentar o número de desafetos.

Mais confusão

Os funcionários do Banco do Brasil que foram demitidos por causa do empréstimo sem garantias à Encol ameaçam não cair sozinhos. Pode sobrar para a diretoria do banco.

Carona dupla

Suplicy elogiou ontem no Senado o gesto de Romário, que mostrou camiseta com a inscrição ""No war, peace in the world" (""Sem guerra, paz no mundo"), após gol contra o Vasco, domingo. ""Foi o seu 2º gol", disse o petista. ACM não se conteve: ""E Vossa Excelência marca o 3º".

Bicadas no muro

A recusa do PSDB de presidir a CPI dos Bancos deixou sequelas no partido. Tasso Jereissati (CE) achava que os tucanos deviam comandar a investigação, mas foi atropelado por Pimenta da Veiga (Comunicações), que convenceu FHC de que os senadores não queriam a tarefa.

Visita à Folha

Edna Liane Ferber da Fonseca, segunda vice-presidente da Cruzada Pró-Infância, e Sílvia Maria Esteves Dante, coordenadora-administrativa da Colmeia - Instituição a Serviço da Juventude, visitaram ontem a Folha.

TIROTEIO

Do tucano Nárcio Rodrigues, sobre o peemedebista Henrique Alves ter dito que a manobra de Temer (PMDB) para derrubar a CPI dos Bancos na Câmara "vale mais do que mil discursos de Aécio Neves (PSDB)":
- Eu mesmo testemunhei Henrique Alves cumprimentar eufórico o Aécio Neves e dizer que seu discurso foi um dos grandes momentos do Parlamento. E se a CPI era uma coisa tão perigosa, por que o PMDB a criou no Senado?

CONTRAPONTO

Isso, nunca!
Anfitrião e organizador da reunião que FHC teria com os governadores no começo do mês, em Aracaju, o governador Albano Franco (PSDB) ficou preocupado quando percebeu que o encontro poderia terminar em impasse.
Os aliados de FHC estavam contrariados com a demora do governo federal em apresentar propostas concretas para a crise financeira dos Estados.
Franco expôs o quadro ao governador catarinense Esperidião Amin (PPB), disse que os ânimos estavam exaltados e que temia uma situação constrangedora para o presidente:
O pepebista pensou e lembrou de uma frase que o pai de Albano Franco, Augusto, costumava citar, atribuída a um prefeito do interior do Sergipe:
- Não adular a autoridade já é oposição!
Franco entendeu o recado. Ligou para FHC e pediu o adiamento do encontro, prontamente aceito.

E-mail: painel@uol.com.br


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