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SISTEMA FINANCEIRO
O banco francês suspendeu o negócio para não ter o nome associado ao da instituição socorrida pelo BC
BNP desiste de comprar FonteCindam
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
O banco francês Banque Nationale de Paris
(BNP) cancelou
ontem a operação de compra
do FonteCindam para evitar
que seu nome permaneça ligado
ao banco carioca socorrido pelo
BC durante a crise cambial.
A compra havia sido anunciada
em 12 de março, mas ainda não estava formalizada. Os procedimentos de formalização estavam suspensos há cerca de uma semana.
O BNP aguardava os desdobramentos do caso para se posicionar.
Na quinta e sexta-feira da semana passada, as diretorias dos dois
bancos se reuniram para discutir a
suspensão. Nada ficara definido,
esperando a palavra final da matriz
do BNP, em Paris.
Hoje, o BNP publica nos jornais
um comunicado em que informa a
suspensão da operação, justificando que "o contexto atual, decorrente das diversas investigações
em curso, inviabiliza o prosseguimento das negociações".
O banco tem o cuidado de dizer
que a decisão "não expressa nenhum julgamento diante dos fatos
estranhos ao BNP."
Segundo a Folha apurou, o BNP,
maior banco francês, avaliou que
sua ligação com um banco sob investigação no Brasil poderia ter repercussão negativa no mercado internacional.
Quando foi anunciada a compra,
a operação ainda não havia sido revelada. Não era de conhecimento
público que o FonteCindam haviam recebido ajuda do BC para liquidar seus contratos de câmbio
no mercado futuro. Nesse tipo de
mercado, comprador e vendedor
acertam hoje o preço de uma dada
mercadoria que será comercializada em data futura.
Àquela altura, sabia-se apenas
que o FonteCindam havia apostado na manutenção do câmbio, tendo, com isso, amargado prejuízos
durante a desvalorização.
Pelo acordo que havia entre os
dois bancos, o BNP assumiria os
negócios do FonteCindam. Seria
formada uma nova empresa, não-financeira, com sede no Rio de Janeiro, que concentraria a administração de fundos e a área de fusões
e aquisições do BNP.
O valor do negócio não havia sido revelado, mas sabia-se que os
quatro principais sócios do FonteCindam -Luiz Antonio Gonçalves, Eduardo Modiano, Roberto
Steinfeld e Fernando Cesar Carvalho- ficariam com 20% da nova
empresa e embolsariam ainda o
patrimônio líquido do banco, que
não entraria na operação.
Graças ao socorro do BC, o patrimônio do FonteCindam não foi reduzido a zero. Após uma perda de
R$ 25 milhões com a desvalorização, ainda restaram R$ 61 milhões.
O socorro
Em 14 de janeiro, o BC assumiu
7.900 contratos de venda de dólar
para entrega em 1º de fevereiro que
pertenciam ao FonteCindam. Esses contratos equivaliam a US$ 790
milhões. Na época, o BC assumiu
os contratos a uma cotação de R$
1,322 para cada dólar, o que equivalia a uma dívida de R$ 1,04 bilhão. Em 1º de fevereiro, entretanto, o dólar foi a R$ 1,98 e o compromisso do BC saltou para R$ 1,56 bilhão, causando um prejuízo de R$
520 milhões aos cofres públicos.
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