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IGREJA CATÓLICA
Após 3 turnos, d. Jayme Chemello, identificado com progressistas, teve 146 votos e d. Cláudio Hummes, 122
Atual presidente vence eleição na CNBB
CLÁUDIA TREVISAN
enviada especial a Indaiatuba (SP)
GUSTAVO PORTO
free-lance para a Folha Campinas
D. Jayme Chemello, identificado
com a corrente progressista da
CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil), ganhou ontem
as eleições para a presidência da
entidade e apresentou um discurso
moderado e conciliador na primeira entrevista coletiva que concedeu depois de escolhido.
Chemello (pronuncia-se quemelo) condenou os saques a supermercado por flagelados da seca, fez
restrições a invasões de terra e foi
diplomático em relação a Fernando Henrique Cardoso, que, na sexta, disse que a igreja não deveria
opinar sobre economia.
A declaração de FHC foi uma
reação à análise de conjuntura feita durante a 37ª Assembléia Geral
da CNBB, que acontece desde o último dia 14 em Indaiatuba (SP).
No documento, a entidade condenou a interferência de organismos financeiros internacionais na
economia do país. "Eu não falei
com o presidente sobre esse assunto", disse Chemello, evitando comentar a declaração de FHC.
De qualquer forma, o bispo afirmou que a CNBB continuará a se
manifestar sobre temas sociais e
políticos sempre que julgar necessário. "A igreja vai dizer não quando constatar que alguma coisa fere
a dignidade humana, mas não somos um partido de oposição."
A eleição refletiu a divisão interna da CNBB entre progressistas e
moderados. Chemello, 66, obteve
146 votos no terceiro turno da eleição, contra 122 de seu concorrente,
o moderado d. Cláudio Hummes,
arcebispo de São Paulo.
Nenhum dos candidatos obteve
os dois terços de votos exigidos
nos dois primeiros turnos. Na primeira votação, o placar foi 131 a
121. Na segunda, 137 a 126. No terceiro turno, a maioria dos votos
bastava para definir a eleição.
Bispo de Pelotas, Chemello ocupa a presidência da CNBB desde
junho de 1998, quando o então
presidente, o conservador d. Lucas
Moreira Neves, afastou-se do cargo para assessorar o papa João
Paulo 2º no Vaticano. Agora, ele
presidirá a entidade até 2003.
Chemello criticou as invasões de
terra, mas condenou a lentidão na
realização da reforma agrária. "Eu
pessoalmente gostaria que o ritmo
fosse bastante mais rápido", afirmou, ao mesmo tempo em que observou que há falta de recursos para a realização de assentamentos.
"Em princípio eu não gosto de
saque nem de invasão de terra. Isso
ocorre porque a gente não toma as
medidas necessárias. Mas, quanto
menos saque e menos invasão tiver, melhor", disse Chemello, em
um discurso mais identificado
com moderados e conservadores.
O presidente da CNBB havia
concorrido à presidência da entidade em 1995, quando perdeu por
pequena diferença de votos para
Neves. Em uma composição entre
os dois grupos, acabou escolhido
para a vice-presidência.
A mesma composição não foi feita ontem. O eleito para a vice-presidência da CNBB foi o progressista d. Marcelo Carvalheira, que ocupa o cargo atualmente. Ele obteve
157 votos e Hummes, 97.
Chemello não é visto como um
típico representante do grupo progressista, mas acabou catalisando
a simpatia dessa corrente por valorizar o trabalho das pastorais, por
meio das quais é feito o trabalho
social da igreja. Além disso, é
apontado como bispo aberto ao
diálogo e descentralizador.
Papa
O papa João Paulo 2º virá ao Brasil em 2001 para encerrar as comemorações dos 500 anos do Descobrimento, anunciou ontem o presidente da CNBB. A Igreja Católica
iniciou o seu calendário de comemorações no sábado passado, com
uma missa em Indaiatuba.
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