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POLÍTICA NO ESCURO
Resultados podem definir apoio ou não a candidato próprio
Convenções do PMDB põem
à prova chances de Itamar
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O governador mineiro Itamar
Franco, 69, enfrenta hoje um teste
importante para suas pretensões
presidenciais. O PMDB realiza
convenções regionais em um momento de desgaste para o governo
federal -ao qual está aliado e ao
qual Itamar se opõe frontalmente.
Os resultados dos encontros regionais são um termômetro importante porque os vitoriosos indicarão a maioria dos delegados
para a convenção nacional que o
PMDB realizará em setembro,
quando uma nova direção será
eleita. É ela que irá conduzir o
processo de definição por candidatura própria ou não em 2002.
Se conseguir um bom número
de diretórios a favor da candidatura própria, Itamar terá mais força para defender seu nome -ele é
o peemedebista hoje com maior
intenção de votos a presidente.
O PMDB é um dos tripés do governo federal, tem boa estrutura
no país e, por isso, o presidente
Fernando Henrique Cardoso vai
trabalhar para que o partido apóie
o candidato da aliança governista
em 2002. Em 1998, o PMDB alinhou-se a FHC e descartou a candidatura Itamar.
"Luz de vela"
Itamar aposta no cenário difícil
para FHC como incentivo ao
apoio a seu nome. Os itamaristas
dizem que o PMDB terá que deixar o barco do governo, sob pena
de perder espaço nas eleições estaduais de 2002. "Sustentar isso [a
não-candidatura própria e o
apoio a FHC" à luz de vela vai ser
muito difícil", disse Alexandre
Dupeyrat, assessor de Itamar, referindo-se à crise energética.
Os itamaristas avaliam que a tese da candidatura própria deve
prevalecer. A partir disso, caberia
ao mineiro convencer o PMDB de
que é o melhor candidato.
A empreitada não será fácil para
Itamar, que tem vários desafetos
no partido, como o presidente do
Senado, Jader Barbalho (PA), e o
deputado federal Geddel Vieira
Lima (BA), que comandam o
PMDB e são aliados de FHC.
Jader e Geddel discursam pela
candidatura própria e defendem
o nome do senador gaúcho Pedro
Simon. Mas alguns peemedebistas vêem no gesto apenas uma
forma de ter um trunfo para negociar em uma eventual composição com os tucanos. Ambos são
candidatos às presidências do
PMDB nos seus respectivos Estados, bem como o deputado Michel Temer, em São Paulo, e o ex-governador Moreira Franco, no
Rio, também aliados de FHC.
Desses quatro Estados, que têm
juntos 84 dos 432 delegados na
convenção nacional, somente em
São Paulo (41 delegados) haverá
disputa. Temer concorre com o
ex-governador Orestes Quércia,
aliado explícito de Itamar.
No segundo maior diretório (43
delegados), o Rio Grande do Sul, a
convenção já aconteceu e a vitória
foi do grupo aliado do governo federal e do presidente do Senado,
liderado pelo ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.
O resultado deixou Itamar sem
apoio momentâneo no Estado.
Mas os itamaristas acreditam que
podem vir a ter o apoio de Simon.
Os aliados de Itamar acham que
a convenção malsucedida de 1998,
quando foi derrotada a tese da
candidatura própria, não vai se
repetir porque mais diretórios estão aderindo a essa proposta.
Além do grupo mineiro, Estados representativos como Paraná,
Ceará, Mato Grosso e Goiás defendem Itamar em bloco. Os cinco juntos somam 141 delegados.
O PMDB de Goiás, do presidente nacional da legenda, senador
Maguito Vilela, mudou de lado
após a derrota no Estado para o
tucano Marconi Perillo, em 98.
Maguito acha "irreversível" a candidatura própria, até para que o
PMDB se fortaleça nas eleições
para os governos estaduais.
Resta saber como vai se comportar o grupo do senador José
Sarney, que controla 14 delegados
do Maranhão e do Amapá.
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