São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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POLÍTICA NO ESCURO

Resultados podem definir apoio ou não a candidato próprio

Convenções do PMDB põem à prova chances de Itamar

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador mineiro Itamar Franco, 69, enfrenta hoje um teste importante para suas pretensões presidenciais. O PMDB realiza convenções regionais em um momento de desgaste para o governo federal -ao qual está aliado e ao qual Itamar se opõe frontalmente.
Os resultados dos encontros regionais são um termômetro importante porque os vitoriosos indicarão a maioria dos delegados para a convenção nacional que o PMDB realizará em setembro, quando uma nova direção será eleita. É ela que irá conduzir o processo de definição por candidatura própria ou não em 2002.
Se conseguir um bom número de diretórios a favor da candidatura própria, Itamar terá mais força para defender seu nome -ele é o peemedebista hoje com maior intenção de votos a presidente.
O PMDB é um dos tripés do governo federal, tem boa estrutura no país e, por isso, o presidente Fernando Henrique Cardoso vai trabalhar para que o partido apóie o candidato da aliança governista em 2002. Em 1998, o PMDB alinhou-se a FHC e descartou a candidatura Itamar.

"Luz de vela"
Itamar aposta no cenário difícil para FHC como incentivo ao apoio a seu nome. Os itamaristas dizem que o PMDB terá que deixar o barco do governo, sob pena de perder espaço nas eleições estaduais de 2002. "Sustentar isso [a não-candidatura própria e o apoio a FHC" à luz de vela vai ser muito difícil", disse Alexandre Dupeyrat, assessor de Itamar, referindo-se à crise energética.
Os itamaristas avaliam que a tese da candidatura própria deve prevalecer. A partir disso, caberia ao mineiro convencer o PMDB de que é o melhor candidato.
A empreitada não será fácil para Itamar, que tem vários desafetos no partido, como o presidente do Senado, Jader Barbalho (PA), e o deputado federal Geddel Vieira Lima (BA), que comandam o PMDB e são aliados de FHC.
Jader e Geddel discursam pela candidatura própria e defendem o nome do senador gaúcho Pedro Simon. Mas alguns peemedebistas vêem no gesto apenas uma forma de ter um trunfo para negociar em uma eventual composição com os tucanos. Ambos são candidatos às presidências do PMDB nos seus respectivos Estados, bem como o deputado Michel Temer, em São Paulo, e o ex-governador Moreira Franco, no Rio, também aliados de FHC.
Desses quatro Estados, que têm juntos 84 dos 432 delegados na convenção nacional, somente em São Paulo (41 delegados) haverá disputa. Temer concorre com o ex-governador Orestes Quércia, aliado explícito de Itamar.
No segundo maior diretório (43 delegados), o Rio Grande do Sul, a convenção já aconteceu e a vitória foi do grupo aliado do governo federal e do presidente do Senado, liderado pelo ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.
O resultado deixou Itamar sem apoio momentâneo no Estado. Mas os itamaristas acreditam que podem vir a ter o apoio de Simon.
Os aliados de Itamar acham que a convenção malsucedida de 1998, quando foi derrotada a tese da candidatura própria, não vai se repetir porque mais diretórios estão aderindo a essa proposta.
Além do grupo mineiro, Estados representativos como Paraná, Ceará, Mato Grosso e Goiás defendem Itamar em bloco. Os cinco juntos somam 141 delegados.
O PMDB de Goiás, do presidente nacional da legenda, senador Maguito Vilela, mudou de lado após a derrota no Estado para o tucano Marconi Perillo, em 98. Maguito acha "irreversível" a candidatura própria, até para que o PMDB se fortaleça nas eleições para os governos estaduais.
Resta saber como vai se comportar o grupo do senador José Sarney, que controla 14 delegados do Maranhão e do Amapá.


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