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TV Senado é ameaça à popularidade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Do céu ao inferno: a TV Senado,
criada há seis anos para aproximar o parlamentar de sua base
eleitoral e dar mais visibilidade ao
trabalho legislativo, está se tornando uma ameaça à popularidade dos senadores. Com um potencial de quase 40 milhões de telespectadores (com acesso via TV
por assinatura, canal aberto ou
pelo sistema de parabólica), a TV
Senado fica no ar 24 horas por dia.
Manifestações de telespectadores mostram que os picos de audiência são atingidos durante
transmissão de cenas constrangedoras aos senadores, como depoimentos, troca de acusações, acareações e bate-bocas.
Quase um mito na Bahia, o senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA) foi mostrado há cerca
de um ano recebendo um ""calado, caladinho aí" do adversário
Jader Barbalho (PMDB-PA) em
sessão plenária, na qual foram
trocadas acusações entre ambos.
Recentemente, os baianos o viram acuado pelos colegas no depoimento sobre a violação do painel eletrônico do Senado e, depois, confrontado com José Roberto Arruda (sem partido-DF) e
com a ex-diretora do Prodasen
Regina Borges em acareação.
""Ninguém falou. Eu assisti" é o
título da mensagem enviada por
e-mail a gabinetes do Senado pelo
telespectador Eduardo Quadrado, em 15 de maio. Ele mostra a
influência da TV Senado na formação da opinião pública.
""Quero informar que acompanhei atentamente na TV Senado
todo o desenrolar dos depoimentos e da acareação do caso do painel e, portanto, tenho formado
um juízo (e não só eu, mas todos
com quem tenho conversado),
que não é de ouvir falar ou de ler
em jornais. O juízo formado é de
quem assistiu, até mais de uma
vez, a todos os depoimentos", diz.
E os telespectadores não estão
atentos somente ao conteúdo do
que assistem pela TV Senado,
mas também às roupas, ao cabelo
e à aparência geral dos senadores.
""Ligou uma eleitora da Paraíba
para dizer que eu estava há três
dias usando a mesma gravata. Depois, outra me ligou perguntando
por que eu havia tirado a aliança",
disse Ney Suassuna (PMDB-PB).
""Tudo por causa da TV Senado. E
nem era a mesma gravata." Para
ele, a TV Senado virou uma
""cruz" para os senadores, já que
os leva a uma superexposição e a
uma cobrança do telespectador.
A preocupação não é só do paraibano. O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), abriu a reunião em que foi lido o parecer de Saturnino Braga
(PSB-RJ) propondo processo de
cassação de ACM e Arruda com o
seguinte apelo: ""Por favor, desliguem seus celulares porque, na
última sessão, o barulho incomodou os nossos telespectadores".
Como disse uma ""fiel telespectadora" da TV Senado em um e-mail, os senadores, agora, precisam ter mais cuidado com ""a aparência, a frequência e as mentiras".
(RAQUEL ULHÔA)
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