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TRANSIÇÃO INFINITA
Esboço do PPA afirma que estabilidade macroeconômica é condição do desenvolvimento sustentável
Plano atrela PIB maior a consumo de pobres
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O esboço do projeto de lei do
PPA (Plano Plurianual de Investimentos) para o período 2004-2007, encarregado de dar "cara"
ao governo Luiz Inácio Lula da
Silva, aponta o crescimento do
consumo dos mais pobres como
mola do crescimento econômico.
O documento divulgado ontem
deixa claro, porém, que a estabilidade macroeconômica é "elemento central" para o desenvolvimento sustentável: o governo federal se compromete a conter
gastos públicos e a segurar a inflação antes de começar a reduzir os
juros, como manda o modelo
econômico que ele prometeu mudar na campanha eleitoral.
O documento sintetiza o que o
governo chama de "orientação estratégica" do PPA. Este ainda precisa ser detalhado e orçado e só
depois será enviado ao Congresso, no final de agosto. Em uma das
diretrizes do PPA discutidas na
reunião ministerial de ontem, o
governo pretende investir em determinados setores da indústria
para reduzir a vulnerabilidade externa, substituindo bens importados por bens nacionais.
Oligopólios
O texto também fala em aumento "sistemático" do salário mínimo e em combate à oligopolização (poucos grupos empresariais
detêm a produção) em determinados mercados e estímulo à progressividade dos impostos (pagam mais os mais ricos) para estimular o consumo de massa.
O combate aos oligopólios reduziria a margem de lucro de determinadas empresas, fazendo
com que os preços sejam menores
para o consumidor final.
O governo também indicou a
adoção de tarifas públicas diferenciadas para as classes de renda
mais baixas e o estímulo à formação de fundos de pensão com o
objetivo de aumentar o nível de
poupança da sociedade, já que o
dinheiro público deve continuar
limitado nos próximos anos.
O PPA é um plano que define as
prioridades do governo para um
período de quatro anos e serve de
base para a elaboração dos orçamentos anuais.
O documento inicial do plano
critica a falta de política industrial
do governo anterior e diz que a
sua política será "horizontal e vertical". Ou seja, buscará a redução
de custos e a isonomia entre exportadores e importadores; mas
também escolherá setores da economia que deverão alavancar as
exportações.
Bancos federais
O objetivo é elevar o investimento em setores que substituam
importações com elevado nível de
utilização da capacidade industrial. Entre as fontes de recursos
para a política industrial, o governo cita os bancos federais. "O governo dispõe de instrumentos específicos, especialmente através
da concessão de financiamentos
por instituições financeiras públicas em condições mais favoráveis
que as de mercado", diz o texto.
Questionado sobre os financiamentos, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, disse que
os bancos federais já oferecem
condições mais favoráveis que as
demais instituições. Segundo ele,
basta apenas coordenar as ações.
"O BNDES, a Caixa Econômica
Federal, o Banco do Brasil e os demais bancos estatais fortalecerão
suas atividades como agências de
fomento", afirma o texto.
Outras fontes de recursos, segundo o documento, virão da redução dos gastos com custeio da
máquina pública e de parcerias
com o setor privado.
A Folha apurou que o governo
deve enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei para criar essas parcerias.
Nos próximos dois meses, Mantega e o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, vão colher sugestões da sociedade. O "slogan"
do PPA mudou de "Avança Brasil" para "Brasil de Todos".
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