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PARTIDOS
Ex-governador do Rio acha que deveria receber mais espaço político
Isolado no PSB, Garotinho sonda PDT sobre volta
MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO
Dois anos e meio depois de deixarem o PDT rompidos com o líder Leonel Brizola, Anthony Garotinho e seu grupo político estão
se sentindo sem espaço e isolados
no PSB e avaliam outras alternativas partidárias. Pelo menos dois
políticos brizolistas foram sondados por Garotinho sobre a possibilidade de seu grupo se reaproximar do PDT.
Garotinho considera que o espaço que lhe está sendo destinado
no PSB de Miguel Arraes não corresponde ao seu peso eleitoral e à
ajuda que deu ao partido nas eleições de 2002, quando disputou a
Presidência da República e ajudou a eleger uma bancada de 22
deputados federais.
O PSB está em processo de preparação das convenções municipais e estaduais e o grupo do ex-governador e atual secretário de
Segurança do Rio se considera alijado das comissões provisórias
dos Estados de Goiás, Santa Catarina, Minas e Tocantins.
A convenção nacional do PSB,
quando se define a nova direção e
o controle do partido, está prevista para o início de dezembro.
Além dos problemas de espaço
político, há divergências em relação ao comportamento do partido frente ao governo Lula. O PSB
não só vem apoiando o governo
como cresceu por fazer parte da
base aliada: foram eleitos 22 deputados federais e agora já são 29.
Garotinho, no entanto, mantém
um discurso crítico em relação ao
governo federal tanto em questões conjunturais, como a reforma de Previdência, como em
questões de fundo, como a política econômica.
A posição crítica de Garotinho é
muito parecida com a de Brizola.
Embora o PDT também faça parte da base governista e tenha indicado um ministro (Miro Teixeira,
das Comunicações), Brizola tem
sido um crítico contundente do
governo, principalmente em relação à reforma da Previdência.
Quando deixou o PDT em novembro de 2000, depois de dois
anos seguidos de conflitos com
Brizola, Garotinho levou para o
PSB de Miguel Arraes cinco deputados federais (dos oito da bancada fluminense do partido) e 14 estaduais (dos 17 do partido). Segundo informações do grupo na
época, 11 mil pessoas teriam trocado de filiação partidária.
Brizola confirmou as sondagens
informais de Garotinho através
de dois interlocutores, disse que
elas são fruto da "situação de desespero" em que se encontra o ex-governador no PSB e que não há nenhum "programa de reaproximação". Não descartou, no entanto, receber o desafeto de volta, mas após uma longa quarentena.
"Eles estão no purgatório e vão ter de purgar um bom tempo."
Para o PDT, a volta de Garotinho seria a salvação. Como o PSB
vem apoiando o governo, sua bancada federal está crescendo. O
PDT, ao contrário, vem minguando: dos 21 deputados federais que
elegeu, restam 16. A Folha apurou
que Garotinho calcula levar consigo entre dez e 16 deputados federais do PSB, um grande reforço para qualquer partido.
A Folha tentou entrevistar o secretário-geral do PSB, Eduardo
Campos, ao longo de todo o dia
de ontem, mas sem êxito. Foram
dados nove telefonemas para seu
escritório em Recife, para seus celulares e para sua assessoria de
imprensa, mas até a conclusão
desta edição ele não havia falado.
O deputado federal Alexandre
Cardoso (RJ), da direção nacional
do PSB e avalista da entrada do
grupo de Garotinho no partido,
minimiza os problemas que têm
surgido entre os grupos do ex-governador e de Arraes. Segundo
ele, os desentendimentos são regionais, restritos a Estados onde o
PSB não tem força eleitoral.
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