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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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Ex-governador do Rio acha que deveria receber mais espaço político

Isolado no PSB, Garotinho sonda PDT sobre volta

MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

Dois anos e meio depois de deixarem o PDT rompidos com o líder Leonel Brizola, Anthony Garotinho e seu grupo político estão se sentindo sem espaço e isolados no PSB e avaliam outras alternativas partidárias. Pelo menos dois políticos brizolistas foram sondados por Garotinho sobre a possibilidade de seu grupo se reaproximar do PDT.
Garotinho considera que o espaço que lhe está sendo destinado no PSB de Miguel Arraes não corresponde ao seu peso eleitoral e à ajuda que deu ao partido nas eleições de 2002, quando disputou a Presidência da República e ajudou a eleger uma bancada de 22 deputados federais.
O PSB está em processo de preparação das convenções municipais e estaduais e o grupo do ex-governador e atual secretário de Segurança do Rio se considera alijado das comissões provisórias dos Estados de Goiás, Santa Catarina, Minas e Tocantins.
A convenção nacional do PSB, quando se define a nova direção e o controle do partido, está prevista para o início de dezembro.
Além dos problemas de espaço político, há divergências em relação ao comportamento do partido frente ao governo Lula. O PSB não só vem apoiando o governo como cresceu por fazer parte da base aliada: foram eleitos 22 deputados federais e agora já são 29.
Garotinho, no entanto, mantém um discurso crítico em relação ao governo federal tanto em questões conjunturais, como a reforma de Previdência, como em questões de fundo, como a política econômica.
A posição crítica de Garotinho é muito parecida com a de Brizola. Embora o PDT também faça parte da base governista e tenha indicado um ministro (Miro Teixeira, das Comunicações), Brizola tem sido um crítico contundente do governo, principalmente em relação à reforma da Previdência.
Quando deixou o PDT em novembro de 2000, depois de dois anos seguidos de conflitos com Brizola, Garotinho levou para o PSB de Miguel Arraes cinco deputados federais (dos oito da bancada fluminense do partido) e 14 estaduais (dos 17 do partido). Segundo informações do grupo na época, 11 mil pessoas teriam trocado de filiação partidária.
Brizola confirmou as sondagens informais de Garotinho através de dois interlocutores, disse que elas são fruto da "situação de desespero" em que se encontra o ex-governador no PSB e que não há nenhum "programa de reaproximação". Não descartou, no entanto, receber o desafeto de volta, mas após uma longa quarentena. "Eles estão no purgatório e vão ter de purgar um bom tempo."
Para o PDT, a volta de Garotinho seria a salvação. Como o PSB vem apoiando o governo, sua bancada federal está crescendo. O PDT, ao contrário, vem minguando: dos 21 deputados federais que elegeu, restam 16. A Folha apurou que Garotinho calcula levar consigo entre dez e 16 deputados federais do PSB, um grande reforço para qualquer partido.
A Folha tentou entrevistar o secretário-geral do PSB, Eduardo Campos, ao longo de todo o dia de ontem, mas sem êxito. Foram dados nove telefonemas para seu escritório em Recife, para seus celulares e para sua assessoria de imprensa, mas até a conclusão desta edição ele não havia falado.
O deputado federal Alexandre Cardoso (RJ), da direção nacional do PSB e avalista da entrada do grupo de Garotinho no partido, minimiza os problemas que têm surgido entre os grupos do ex-governador e de Arraes. Segundo ele, os desentendimentos são regionais, restritos a Estados onde o PSB não tem força eleitoral.


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