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CASO CC-5
Planalto afirma que não se opõe à indicação do senador Antero Paes de Barros, que enfrenta restrições no PFL
Governo recua, e tucano deve presidir CPI
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das resistências a seu nome -muitas delas veladas-, o
senador Antero Paes de Barros
(PSDB-MT) deverá ser eleito na
próxima quarta-feira presidente
da CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) Mista do Congresso
criada para apurar a evasão de divisas do Brasil para paraísos fiscais de 1996 a 2002 por meio das
chamadas contas CC-5.
Como o governo Lula não quer
patrocinar uma eventual derrota
de Antero Paes de Barros no plenário da comissão, o que traria
um confronto com a oposição, a
eleição do tucano somente será
evitada se o PSDB recuar na indicação. Há pressão -inclusive de
setores do PFL- nesse sentido.
As divergências ao nome de
Barros serão levadas por líderes
partidários em reunião na terça-feira com o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP).
Por enquanto, o líder do PSDB,
Arthur Virgílio (AM), mantém a
indicação, com respaldo do líder
do PFL, José Agripino (RN). Os
dois partidos formam o bloco de
oposição no Senado.
""Quem poderia alterar a escolha
é o PFL, por ser o partido majoritário do bloco de oposição. Mas
eu reafirmo o apoio ao nome dele.
Ele foi autor do requerimento e há
um compromisso com sua escolha", afirmou Agripino.
""Ele merece totalmente nossa
confiança. Se o PT vetar o seu nome, estará me dando o direito de
vetar qualquer indicação do PT",
afirmou Arthur Virgílio.
Indicação
O líder do governo no Senado
Federal, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que a indicação do
bloco será aprovada, ""embora haja resistências, sobretudo no bloco de oposição".
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), de quem partiu a principal
resistência ao tucano por ter disputado com ele a iniciativa de
propor a investigação, afirmou
que a provável eleição de Barros
não a impedirá de operar na CPI.
Na própria quarta-feira, ela
apresentará requerimento convocando o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para explicar
o impasse entre os governos dos
Estados Unidos e do Brasil, que
está dificultando a investigação de
contas bancárias nos EUA supostamente utilizadas para a lavagem
de dinheiro. Como forma de recompensá-la por não ocupar nenhum cargo na CPI e ainda ver
seu concorrente na presidência, o
PT reivindica para ela a vice-presidência da CPI.
""A esta altura, a escolha é irreversível. Se, por acordo, a indicação coube ao bloco da oposição,
seria uma falta de respeito rejeitá-lo. Seria estapafúrdio e humilhante", disse o líder do PDT, senador
Jefferson Péres (AM).
O cargo de relator ficou com o
PT da Câmara, que indicou o deputado federal José Mentor (SP),
homem da confiança do ministro
José Dirceu (Casa Civil).
As ressalvas ao nome de Barros
são de diferentes naturezas. De
um lado, ele é considerado por alguns colegas como intempestivo,
com gosto pelos holofotes e sem o
equilíbrio necessário para a condução de uma investigação que
envolve questões políticas e econômicas delicadas.
O senador tucano também não
tem a simpatia de pefelistas aliados ao senador Antonio Carlos
Magalhães (BA), com quem teve
divergências públicas durante as
investigações realizadas no Senado contra o senador baiano.
Entre petistas, especula-se que o
PSDB e o PFL indicaram Barros
apostando em uma condução
confusa dos trabalhos, porque os
dois partidos seriam os maiores
interessados em prejudicar a investigação. Há rumores de que
políticos tucanos e pefelistas poderiam ter envolvimento com a
evasão ilegal de divisas.
A CPI Mista foi instalada na última quarta-feira. As resistências
ao nome de Antero Paes de Barros provocaram o adiamento da
eleição do presidente pelo plenário. O relator só será formalizado
após a eleição do presidente.
Com 120 dias de prazo para
apurar a evasão ilegal de divisas, a
comissão tem 17 senadores (6 do
bloco PFL-PSDB, 5 do bloco PT-PSB-PTB-PL, 4 do PMDB, 1 do
PDT e 1 do PPS) e 17 deputados (3
do PT, 3 do PFL, 2 do PMDB, 2 do
PSDB e uma vaga para cada um
dos seguintes partidos: PP, PTB,
PL, PSB, PPS, PDT e PC do B).
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