São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Proibido de inaugurar, Lula vai fazer "vistorias" pelo país

Presidente rebaterá críticos dizendo que apenas segue regras criadas por PSDB e PFL

Petista cumprirá agenda de campanha nos finais de semana; segundo Tarso, vice não deve ser definido na convenção de sábado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTO ESTEVÃO

Depois de assumir oficialmente a candidatura à reeleição no próximo sábado, na convenção do PT em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocará as inaugurações de obras por "vistorias". Em conversas reservadas, Lula disse que seguirá o comportamento adotado em 1998 por Fernando Henrique Cardoso em sua campanha pela reeleição.
Lula e auxiliares definiram que os compromissos explicitamente eleitorais do presidente serão realizados nos finais de semana. Durante a semana, fará as tais "vistorias", que FHC chamava de "visitas".
"A legislação proíbe a inauguração, mas não proíbe, por exemplo, a presença do presidente realizando inspeções de trabalho, de obras", disse o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.
Segundo auxiliares de Lula, ele pretende responder a críticas da oposição com o argumento de que segue uma regra criada por ela -PSDB e PFL foram os principais patrocinadores da reeleição.
Lula pediu ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, que o partido assuma custos de eventos de nítido caráter eleitoral, sempre de acordo com o modelo que o PSDB usou para FHC.
Em 1998, FHC visitou obras dias depois de inauguradas. Em 1º de agosto, disse a jornalistas que era difícil separar o papel de presidente do de candidato: "Sou presidente ou sou candidato? Sou as duas coisas, porque existe reeleição no Brasil".
Segundo Tarso, o nome do companheiro de chapa de Lula talvez não seja definido no final de semana. O mais cotado é José Alencar, que repetiria a dobradinha de 2002.

Na Bahia
Ontem, em Santo Estevão (BA), Lula disse que um presidente não pode ficar trancado no Palácio do Planalto e deixar de percorrer o país em ano de eleição. "Não posso falar em nome de candidato e de candidatura. Não posso falar porque tem gente que todo o dia entra com um processo contra mim na Justiça Eleitoral", afirmou o presidente a cerca de 2.000 pessoas em evento no qual anunciou o atendimento de 3,3 milhões de pessoas no programa Luz para Todos.
Antes de discursar, ouviu um pronunciamento inusitado do prefeito da cidade, Orlando Santiago (PFL), que é ligado ao senador pefelista Antonio Carlos Magalhães. Santiago afirmou que, mesmo sendo de um outro partido, tinha de admitir a importância do governo petista. "Não adianta se colocar contra essa verten- te, eu me rendo", declarou o prefeito, arrancando aplau- sos do público e risos da comitiva presidencial.
À noite, depois do discurso, Lula e sua comitiva percorreram de carro dois quilômetros de estrada de terra até o sítio Santa Rita, na zona rural de Santo Estevão. No local, o presidente ajudou a acender pela primeira vez as luzes na casa de Luiza Conceição, 41, casada e mãe de cinco filhos.
(PEDRO DIAS LEITE, KENNEDY ALENCAR E EDUARDO SCOLESE)

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