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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Proibido de inaugurar, Lula vai fazer "vistorias" pelo país
Presidente rebaterá críticos dizendo que apenas segue regras criadas por PSDB e PFL
Petista cumprirá agenda de campanha nos finais de semana; segundo Tarso, vice não deve ser definido na convenção de sábado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTO ESTEVÃO
Depois de assumir oficialmente a candidatura à reeleição no próximo sábado, na convenção do PT em Brasília, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva trocará as inaugurações
de obras por "vistorias". Em
conversas reservadas, Lula disse que seguirá o comportamento adotado em 1998 por Fernando Henrique Cardoso em
sua campanha pela reeleição.
Lula e auxiliares definiram
que os compromissos explicitamente eleitorais do presidente
serão realizados nos finais de
semana. Durante a semana, fará as tais "vistorias", que FHC
chamava de "visitas".
"A legislação proíbe a inauguração, mas não proíbe, por
exemplo, a presença do presidente realizando inspeções de
trabalho, de obras", disse o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.
Segundo auxiliares de Lula,
ele pretende responder a críticas da oposição com o argumento de que segue uma regra
criada por ela -PSDB e PFL foram os principais patrocinadores da reeleição.
Lula pediu ao presidente do
PT, Ricardo Berzoini, que o
partido assuma custos de eventos de nítido caráter eleitoral,
sempre de acordo com o modelo que o PSDB usou para FHC.
Em 1998, FHC visitou obras
dias depois de inauguradas. Em
1º de agosto, disse a jornalistas
que era difícil separar o papel
de presidente do de candidato:
"Sou presidente ou sou candidato? Sou as duas coisas, porque existe reeleição no Brasil".
Segundo Tarso, o nome do
companheiro de chapa de Lula
talvez não seja definido no final
de semana. O mais cotado é José Alencar, que repetiria a dobradinha de 2002.
Na Bahia
Ontem, em Santo Estevão
(BA), Lula disse que um presidente não pode ficar trancado
no Palácio do Planalto e deixar
de percorrer o país em ano de
eleição. "Não posso falar em
nome de candidato e de candidatura. Não posso falar porque
tem gente que todo o dia entra
com um processo contra mim
na Justiça Eleitoral", afirmou o
presidente a cerca de 2.000
pessoas em evento no qual
anunciou o atendimento de 3,3
milhões de pessoas no programa Luz para Todos.
Antes de discursar, ouviu
um pronunciamento inusitado
do prefeito da cidade, Orlando
Santiago (PFL), que é ligado
ao senador pefelista Antonio
Carlos Magalhães. Santiago
afirmou que, mesmo sendo
de um outro partido, tinha de
admitir a importância do governo petista. "Não adianta
se colocar contra essa verten-
te, eu me rendo", declarou
o prefeito, arrancando aplau-
sos do público e risos da
comitiva presidencial.
À noite, depois do discurso,
Lula e sua comitiva percorreram de carro dois quilômetros
de estrada de terra até o sítio
Santa Rita, na zona rural de
Santo Estevão. No local, o
presidente ajudou a acender
pela primeira vez as luzes na
casa de Luiza Conceição, 41,
casada e mãe de cinco filhos.
(PEDRO DIAS LEITE, KENNEDY ALENCAR E EDUARDO SCOLESE)
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