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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
PDT lança Cristovam para deter "tentação autoritária" de Lula
Ex-ministro da Educação afirma que presidente tentará conseguir um "terceiro mandato" se for eleito no 1º turno
Divisão marca a convenção
do partido, que homologou
sua candidatura própria à
Presidência por 236 votos
contra 97, com 68 ausências
ITALO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Ex-ministro da Educação de
Lula, o senador Cristovam
Buarque (PDT-DF), homologado ontem candidato à Presidência pelo PDT, não poupou
críticas ao petista e afirmou estar preocupado com uma possível tentativa do presidente para
viabilizar um terceiro mandato
caso vença as eleições.
"O meu medo é que ele queira um terceiro mandato [através de uma] reforma da Constituição, como fez [Hugo] Chávez, como fez [Alberto] Fujimori. Eu temo que se Lula for
eleito, sobretudo no primeiro
turno, com a força de 60 milhões de votos e sem maioria no
Congresso, ele tenda a governar diretamente com o povo, tirando a intermediação do Congresso", afirmou o senador.
Ao dizer que a "tentação autoritária" de Lula é grande, ele
foi questionado se notou essa
"tentação" quando foi ministro: "Não, mas nos meses posteriores nós notamos". Cristovam citou como exemplos as
tentativas de criar o Conselho
Federal de Jornalismo e de expulsar do país o correspondente do New York Times.
O PDT não lança um candidato próprio à Presidência desde 1994, quando Leonel Brizola
obteve apenas 3,2% dos votos.
Em 1998, Brizola foi vice na
chapa de Lula (PT) e, em 2002,
apoiou a candidatura de Ciro
Gomes -então no PPS.
Do PT ao PDT
Engenheiro mecânico com
doutorado em economia na
França, Cristovam foi professor e depois reitor da UnB
(Universidade de Brasília).
Filiou-se ao PT em 1990 e
elegeu-se governador do Distrito Federal em 1994. Não obteve a reeleição em 1998. Em
2002, foi eleito senador pelo
PT. Ocupou o Ministério da
Educação de janeiro de 2003 a
janeiro de 2004. Entrou no
PDT em setembro de 2005.
Divivido, o PDT decidiu pela
candidatura própria contra a
vontade de 10 líderes partidários estaduais numa convenção
realizada no centro do Rio. Sem
uma liderança forte desde a
morte de Leonel Brizola, em
2004, seus militantes só não racharam no culto à memória de
seu fundador. Desde o crachá
-com a inscrição "Brizola Vive"- aos discursos durante a
votação, tudo lembrava o líder.
Em três momentos, convencionais por pouco não trocaram socos e pontapés. Pouco
antes do fim da votação -que
homologou Cristovam por 236
votos a 97, com 68 ausências-,
os principais líderes da ala contra a candidatura própria, preocupada com a cláusula de barreira, lamentarram a derrota.
"Não sei qual vai ser o destino
do partido. Acho que foi uma
insanidade o que foi feito aqui",
disse o presidente do PDT-RS,
Matheus Schmidt. "Foi uma
decisão que não ajuda o partido, considerando a verticalização e a cláusula de barreira. Colocaram em risco a sobrevivência do partido", disse Jackson
Lago, vice-presidente do PDT.
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