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ECONOMIA
Fundo já se satisfez com sinais de "maturidade" de presidenciáveis
FMI não busca assinatura de acordo com candidatos
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) não busca um compromisso assinado nem verbal dos
candidatos à Presidência e não espera concluir um acordo de transição com o Brasil antes das eleições. Nos últimos quatro dias, a
Folha conversou sobre o assunto
com dois funcionários do FMI ligados ao atual programa do Fundo com o governo brasileiro, com
o presidente nacional do PT, José
Dirceu, e com uma autoridade do
governo.
Há sinais claros de que a direção
do FMI já se satisfez genericamente com sinais de "maturidade" manifestados por quase todos
os principais candidatos e está
ciente de que as características do
processo eleitoral brasileiro não
comportam "compromissos mínimos" ou acordos entre candidatos e governo.
Por essa razão, a instituição espera o resultado das eleições e
acredita que, se algum acordo de
transição for assinado, ele o será
durante sua fase propícia: na transição, entre o resultado das eleições e a posse do novo governo.
Por enquanto, a sinalização dos
candidatos em favor de princípios
como os da responsabilidade fiscal e do combate à inflação serviriam, dentro da ótica do FMI, para legitimar conversas "exploratórias" entre seus técnicos e o
atual governo em torno de um esboço de um novo acordo, que
substituiria o atual, que vence em
dezembro. Esse esboço só seria
apresentado à equipe do novo governo eleito, não aos candidatos.
Nesse sentido, causou boa impressão as promessas de Dirceu,
feitas em Nova York e em Washington, de manter a cobrança da
CPMF e de realizar reformas objetivas e pontuais da Previdência e
do sistema tributário já no primeiro ano de governo.
Dirceu surpreendeu ao dizer
que o PT pretende equiparar a
aposentadoria do setor público à
do setor privado - algo que nem
o presidente Fernando Henrique
Cardoso conseguiu fazer. Na visão do FMI, essas propostas são
positivas porque trazem perspectivas concretas de financiamento
do governo em 2003.
Os funcionários demonstram
surpresa com a volatilidade das
pesquisas. Revelam preocupação
com a falta de clareza de propostas do candidato Ciro Gomes
(PPS), a quem julgam mais surpreendente que o PT. A ascensão
de Ciro nas pesquisas contrariou
todos os cenários do Fundo e jogou uma lupa sobre seu programa, visto pelo FMI como confuso.
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