São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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ECONOMIA

Fundo já se satisfez com sinais de "maturidade" de presidenciáveis

FMI não busca assinatura de acordo com candidatos

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) não busca um compromisso assinado nem verbal dos candidatos à Presidência e não espera concluir um acordo de transição com o Brasil antes das eleições. Nos últimos quatro dias, a Folha conversou sobre o assunto com dois funcionários do FMI ligados ao atual programa do Fundo com o governo brasileiro, com o presidente nacional do PT, José Dirceu, e com uma autoridade do governo.
Há sinais claros de que a direção do FMI já se satisfez genericamente com sinais de "maturidade" manifestados por quase todos os principais candidatos e está ciente de que as características do processo eleitoral brasileiro não comportam "compromissos mínimos" ou acordos entre candidatos e governo.
Por essa razão, a instituição espera o resultado das eleições e acredita que, se algum acordo de transição for assinado, ele o será durante sua fase propícia: na transição, entre o resultado das eleições e a posse do novo governo.
Por enquanto, a sinalização dos candidatos em favor de princípios como os da responsabilidade fiscal e do combate à inflação serviriam, dentro da ótica do FMI, para legitimar conversas "exploratórias" entre seus técnicos e o atual governo em torno de um esboço de um novo acordo, que substituiria o atual, que vence em dezembro. Esse esboço só seria apresentado à equipe do novo governo eleito, não aos candidatos.
Nesse sentido, causou boa impressão as promessas de Dirceu, feitas em Nova York e em Washington, de manter a cobrança da CPMF e de realizar reformas objetivas e pontuais da Previdência e do sistema tributário já no primeiro ano de governo.
Dirceu surpreendeu ao dizer que o PT pretende equiparar a aposentadoria do setor público à do setor privado - algo que nem o presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu fazer. Na visão do FMI, essas propostas são positivas porque trazem perspectivas concretas de financiamento do governo em 2003.
Os funcionários demonstram surpresa com a volatilidade das pesquisas. Revelam preocupação com a falta de clareza de propostas do candidato Ciro Gomes (PPS), a quem julgam mais surpreendente que o PT. A ascensão de Ciro nas pesquisas contrariou todos os cenários do Fundo e jogou uma lupa sobre seu programa, visto pelo FMI como confuso.



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