São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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Governo quer "carta-compromisso"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As sondagens que o governo vem fazendo com representantes dos presidenciáveis têm em vista a eventual assinatura, entre o primeiro e o segundo turno das eleições (6 e 27 de outubro), de uma "carta-compromisso" sobre o futuro da política econômica.
Esse documento permitiria à equipe econômica negociar, se necessário, a prorrogação do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que expira em dezembro deste ano.
Nas conversas com os principais candidatos, conduzidas pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, busca-se o consenso em torno de três pontos: a meta de inflação de 4% para 2003, o superávit primário (parcela da receita destinada ao pagamento de juros) de 3,75% do PIB e o respeito aos contratos em vigor.
Fraga já obteve do FMI o sinal verde para discutir um pacto de transição, mas, a princípio, não está tratando da prorrogação do atual acordo com o Fundo nos contatos com os políticos.
Apesar disso, a equipe econômica pretende deixar clara sua posição de que o apoio do FMI é importante para reduzir as incertezas até o final do mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso e facilitar o primeiro ano da próxima administração.

Lula
O PT, apesar das críticas ao Fundo e de Luiz Inácio Lula da Silva dizer que cabe somente ao governo formalizar um acordo, não fecha as portas para um acerto, apesar de não desejá-lo.
É que compromissos já assumidos pelo partido para acalmar o mercado coincidem com o que provavelmente seria exigido pelo FMI para um acordo. Daí o PT preferir manter a linha de crítica histórica ao Fundo, mas de forma moderada.
"Se aparecer fato novo, vamos conversar. O que não dá é para discutir sobre hipóteses, porque o Armínio me garantiu que não está negociando nada", diz Aloizio Mercadante, candidato ao Senado por São Paulo e um dos principais formuladores econômicos do PT.
Fraga se reuniu anteontem com Mercadante e na última quarta-feira com o presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP). O presidente do BC sondou os dois sobre a possibilidade de apoiarem um eventual acordo de transição, incluindo uma negociação com o FMI. Mercadante não se comprometeu.

Serra
Já Aníbal, defensor do candidato do governo, José Serra, diz que o PSDB avalizará um entendimento com o Fundo, se necessário: "Desde janeiro, nosso candidato diz que câmbio flutuante, metas de inflação e ajuste fiscal são a base da estabilidade". Aníbal também disse que Fraga negou estar negociando um acerto. "Ele falou que talvez a questão pudesse ser colocada", afirmou.
É por isso que até o momento não há uma proposta formal de acordo para ser apresentada aos presidenciáveis ou ao FMI.
Fraga, que já conversou sobre o assunto com diretores do FMI, vai se reunir nesta segunda-feira com Anne Krueger, segunda na hierarquia da instituição, e deve apresentar um relato das conversas que já teve com representantes dos presidenciáveis do PT e do PSDB. Na próxima semana, Fraga terá reunião com Ciro Gomes, candidato da coligação PPS-PTB-PDT.


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