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Governo quer "carta-compromisso"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As sondagens que o governo
vem fazendo com representantes
dos presidenciáveis têm em vista
a eventual assinatura, entre o primeiro e o segundo turno das eleições (6 e 27 de outubro), de uma
"carta-compromisso" sobre o futuro da política econômica.
Esse documento permitiria à
equipe econômica negociar, se
necessário, a prorrogação do
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que expira
em dezembro deste ano.
Nas conversas com os principais candidatos, conduzidas pelo
presidente do Banco Central, Armínio Fraga, busca-se o consenso
em torno de três pontos: a meta
de inflação de 4% para 2003, o superávit primário (parcela da receita destinada ao pagamento de
juros) de 3,75% do PIB e o respeito aos contratos em vigor.
Fraga já obteve do FMI o sinal
verde para discutir um pacto de
transição, mas, a princípio, não
está tratando da prorrogação do
atual acordo com o Fundo nos
contatos com os políticos.
Apesar disso, a equipe econômica pretende deixar clara sua
posição de que o apoio do FMI é
importante para reduzir as incertezas até o final do mandato do
presidente Fernando Henrique
Cardoso e facilitar o primeiro ano
da próxima administração.
Lula
O PT, apesar das críticas ao Fundo e de Luiz Inácio Lula da Silva
dizer que cabe somente ao governo formalizar um acordo, não fecha as portas para um acerto, apesar de não desejá-lo.
É que compromissos já assumidos pelo partido para acalmar o
mercado coincidem com o que
provavelmente seria exigido pelo
FMI para um acordo. Daí o PT
preferir manter a linha de crítica
histórica ao Fundo, mas de forma
moderada.
"Se aparecer fato novo, vamos
conversar. O que não dá é para
discutir sobre hipóteses, porque o
Armínio me garantiu que não está
negociando nada", diz Aloizio
Mercadante, candidato ao Senado
por São Paulo e um dos principais
formuladores econômicos do PT.
Fraga se reuniu anteontem com
Mercadante e na última quarta-feira com o presidente do PSDB, o
deputado federal José Aníbal
(SP). O presidente do BC sondou
os dois sobre a possibilidade de
apoiarem um eventual acordo de
transição, incluindo uma negociação com o FMI. Mercadante
não se comprometeu.
Serra
Já Aníbal, defensor do candidato do governo, José Serra, diz que
o PSDB avalizará um entendimento com o Fundo, se necessário: "Desde janeiro, nosso candidato diz que câmbio flutuante,
metas de inflação e ajuste fiscal
são a base da estabilidade". Aníbal também disse que Fraga negou estar negociando um acerto.
"Ele falou que talvez a questão pudesse ser colocada", afirmou.
É por isso que até o momento
não há uma proposta formal de
acordo para ser apresentada aos
presidenciáveis ou ao FMI.
Fraga, que já conversou sobre o
assunto com diretores do FMI, vai
se reunir nesta segunda-feira com
Anne Krueger, segunda na hierarquia da instituição, e deve apresentar um relato das conversas
que já teve com representantes
dos presidenciáveis do PT e do
PSDB. Na próxima semana, Fraga
terá reunião com Ciro Gomes,
candidato da coligação PPS-PTB-PDT.
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