São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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Coordenador foi indiciado em CPI

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Um dos principais articuladores e administradores da campanha do presidenciável Ciro Gomes (PPS) em Alagoas, o deputado estadual Antônio Albuquerque (PTB), é um dos mais importantes integrantes da campanha de Fernando Collor de Mello (PRTB) e foi indiciado em 2000 pela CPI da Câmara que investigou o narcotráfico no país.
Albuquerque, que é presidente da Assembléia Legislativa alagoana, foi do PRTB de Collor -candidato ao governo do Estado- até junho do ano passado e tem uma relação próxima com o ex-presidente desde 1999.
Ele e o deputado federal Regis Cavalcante (PPS) são os coordenadores da Frente Trabalhista. "Aqui todo mundo sabe que o PTB tem uma relação forte com o Collor", diz o presidente estadual do PPS, Anivaldo Miranda.
O PTB, que tem 14 dos 27 deputados estaduais de Alagoas, indicou o vice na chapa do ex-presidente, o deputado Antônio Carlos Rezende, o "Cacalo". A união de partidos da Frente com o ex-presidente -que deixou o Planalto em 1992, depois de renunciar devido a acusações de envolvimento com atos de corrupção- vem sendo usada por adversários de Ciro, principalmente os tucanos, para reforçar a crítica de que ele seria "um novo Collor".
Além de ser um dos mais ferrenhos "colloridos", Albuquerque tem a fama de participar de atos irregulares no Estado.
O deputado foi procurado por três dias pela Agência Folha, mas sua assessoria informou que ele não se pronunciaria. Seu chefe de gabinete, Nailton Felizardo, disse que as acusações não tinham fundamento, por isso foram arquivadas pelo Ministério Público.

Relatório
De acordo com o relatório final da CPI, contra o deputado pesam "sérias acusações de participação em crimes de receptação de veículos roubados, envolvimento em homicídios e atos de improbidade administrativa".
Ele foi um dos depoentes quando membros da CPI estiveram em Maceió e acabou sendo, ao lado de políticos locais, indiciado por sonegação fiscal, enriquecimento ilícito e crime organizado.
A acusação foi enviada ao Ministério Público Estadual em março de 2001, mas foi arquivada.
De acordo com o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Lean Araújo, que é primo em segundo grau de Albuquerque, o deputado e outros políticos de Alagoas foram acusados na CPI, mas nenhuma prova que levantasse a suspeita da incriminação dos acusados foi apresentada.
"Mandamos arquivar por ausência de qualquer elemento probatório", afirmou o procurador, que nega qualquer influência devido ao parentesco. "Sou primo há 39 anos, e só descobriram isso agora", afirma.



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