São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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Prefeitos tucanos de AL apóiam Serra e Collor

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Foi quase uma encenação o suposto epílogo com que a direção nacional do PSDB pretendeu encerrar anteontem o episódio do apoio da prefeita tucana de Arapiraca (AL) à candidatura de Fernando Collor de Mello (PRTB) ao governo de Alagoas.
Primeiro, o partido distribuiu nota ameaçando expulsar a prefeita Célia Rocha, mulher do ministro da Integração, Luciano Barbosa. Depois, ao anunciar a retirada do apoio dela ao ex-presidente, que sofreu impeachment em 92, elogiou-a como um exemplo de comportamento ético.
O que não foi dito:
1) que não há garantia de que Célia não fará campanha para Collor. Deve ocorrer o contrário, segundo assessores seus. Ao informar que não se associaria a Collor, ela não falou em se engajar na reeleição de Ronaldo Lessa (PSB), apoiada por PSDB e PMDB em aliança branca;
2) no mínimo outros dez prefeitos do PSDB de Alagoas -cerca de um terço do total tucano- fazem campanha para Collor. Entre eles os de Pão de Açúcar, Cajueiro, Penedo, Jequiá, Roteiro e Viçosa. Não houve reprimenda do PSDB nacional a eles;
3) para pôr panos quentes na crise, os senadores Teo Vilela (PSDB-AL), a quem Célia Rocha é ligada, e Renan Calheiros (PMDB-AL), padrinho da indicação do ministro Luciano Barbosa, se reuniram com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Não houve pronunciamento algum do PSDB sobre um fato: o primeiro suplente de Teo em sua tentativa de se reeleger, o empresário João Tenório (PSDB), é um dos mais aguerridos aliados de Collor na campanha estadual.
Tenório preside a cooperativa dos usineiros de Alagoas e é cunhado de Teo Vilela, o senador que também ameaçou Célia Rocha com a expulsão do PSDB se insistisse na opção Collor;
4) o mesmo Renan que conversou com Fernando Henrique Cardoso tem pelo menos quatro prefeitos da sua base do PMDB unidos a Collor.
PSDB e PMDB, os partidos alinhados na candidatura presidencial do tucano José Serra, apóiam a reeleição de Lessa mesmo sem coligação formal.

Serra
Com a adesão de prefeitos dos partidos pró-Serra ao ex-presidente, fica fragilizada a acusação de Serra segundo o qual o presidenciável Ciro Gomes (PPS) seria um ""genérico do Collor". O PPS alagoano aderiu à coligação de Collor, em decisão que a direção nacional tenta anular na Justiça. E o PTB da coligação de Ciro indicou o vice do ex-presidente.
"Nós do PSDB apoiamos Collor para governador e Serra para presidente", disse o prefeito de Pão de Açúcar, o tucano Jorge Dantas, criando a ""chapa" Serra-Collor.
Dantas e outros dois prefeitos se afastaram ontem da Comissão Executiva Estadual do PSDB, mas continuam no partido. Ele pediu uma reunião de emergência com a direção nacional para discutir a questão Collor.



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