São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Após pedir que Protógenes ficasse no caso, Lula diz que assunto é "problema da PF"

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOGOTÁ (COLÔMBIA)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, durante visita a Bogotá, na Colômbia, que a polêmica envolvendo o afastamento do delegado Protógenes Queiroz "é um problema da Polícia Federal".
"Não posso comentar [o assunto], pois não indico ninguém para entrar e não indico ninguém para sair. É um problema da Polícia Federal", respondeu o presidente, durante coletiva de imprensa.
O mesmo tom foi adotado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, que disse considerar o caso "encerrado". "Ele [Protógenes] já apresentou o relatório e todas as questões agora são relacionadas com decisões da Polícia Federal e do Ministério Público", disse o ministro.
As declarações são parte da estratégia do Palácio do Planalto de se distanciar do assunto, após avaliação de que foi um erro se envolver na polêmica sobre a saída do delegado da operação que prendeu o banqueiro Daniel Dantas no último dia 8.
Na quarta-feira, Lula defendeu que o delegado permanecesse à frente do inquérito da Operação Satiagraha. O presidente tentava desfazer a impressão de que o governo havia pressionado a PF pela mudança no comando das investigações. "Ninguém pode fazer o trabalho que ele [Queiroz] fez por quatro anos e, na hora de terminar o relatório, dizer que vai embora. Tem que ficar no caso. Vender insinuações à sociedade é que não é correto." Entre os grampos feitos pela PF, o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, aparece em conversa com o petista Luiz Eduardo Greenhalgh, acusado de ser lobista de Dantas.
Lula e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, assinaram ontem nove acordos de cooperação envolvendo temas como defesa, agricultura e indústria aérea. O principal anúncio do dia, porém, foi a confirmação de que a Colômbia concordou em ingressar no Conselho Sul-Americano de Defesa, defendido pelo governo brasileiro. O colombiano exigiu que, na carta de constituição do grupo, haja menção expressa de "rechaço total" contra "grupos violentos, qualquer que seja a sua origem", em referência às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Lula confirmou também que o Brasil vai construir duas refinarias de petróleo, no Ceará e no Maranhão, para a produção de gasolina premium, destinada à exportação.


O repórter viajou a convite do governo federal


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