São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Acordo encerra greve dos Correios, depois de 19 dias

Todos os 43 mil carteiros terão direito a bônus de 30% sobre o salário-base referente ao adicional de periculosidade

Acordo terá de ser referendado amanhã em assembléias; 120 milhões de correspondências deixaram de ser entregues


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Hélio Costa (Comunicações), a direção dos Correios e a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos) anunciaram na noite de ontem um acordo que põe fim à greve dos carteiros, iniciada em 1º de julho.
O acordo, que terá de ser referendado amanhã em assembléias nacionais da categoria, foi anunciado após sete horas de reunião na sede dos Correios, em Brasília. No encontro, ficou decidido que todos os 43 mil carteiros terão direito a bônus de 30% sobre o salário-base referente ao chamado adicional de periculosidade.
Um adicional fixo de R$ 260 será estendido pelos mesmo motivos a outros cerca de 16 mil funcionários dos Correios (atendentes de guichês e aos motoristas que fazem a entregas das correspondências), o que atende à principal reivindicação da categoria e que havia motivado a greve.
Segundo o ministro Hélio Costa e o comando da Fentect, os 120 milhões de correspondências que deixaram de ser entregues nos últimos 20 dias serão distribuídos aos destinatários em até duas semanas.
Os dias parados não serão descontados dos salários dos grevistas. Ontem, em contato por telefone com o ministro Costa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou transformar o período parado em um banco de horas.
"Nós vamos substituir os dias parados por um banco de horas. Ou seja, todas as horas serão compensadas para que seja colocada em ordem a correspondência atrasada", disse o ministro, após a longa reunião de ontem. "A greve acabou, felizmente. Quem perdeu [durante a greve] foi a população brasileira."
"Estamos satisfeitos e vamos orientar [os Estados] para o acordo. Vamos apresentar esse acordo no papel, documentado", disse Manoel Cantoara, secretário-geral da federação.
Ao longo desta semana, a greve foi mantida no Distrito Federal e ainda em 21 Estados. Segundo a direção dos Correios, a adesão estava em 25,5% dos 43 mil carteiros. De acordo com a empresa, dos 420,6 milhões de correspondências (objetos simples e registrados) que trafegaram na empresa desde o início da paralisação, 69% foram entregues mesmo no período de greve. Até o retorno ao trabalho, previsto para amanhã, permanecem suspensos os serviços Sedex 10, Sedex Hoje e Disque Coleta.
"Do ponto de vista financeiro, afetou muito pouco para a empresa", disse Carlos Henrique Custódio, presidente dos Correios. O impacto da negociação será de R$ 120 milhões por ano.
A reunião de ontem contou com a intermediação do presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Rider de Brito, que não precisou fazer o julgamento da greve.


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