São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

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Outro lado

Sarney nega relação com obra e pede punição

DO ENVIADO A MACAPÁ (AP)

O senador José Sarney (PMDB-AP) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as emendas para a ampliação do aeroporto de Macapá (AP) foram propostas pela bancada do Estado.
"As emendas para o aeroporto foram emendas coletivas de bancada. O presidente [Sarney] lamenta o atraso das obras porque está prejudicando o Amapá. As empresas denunciadas já foram excluídas da licitação e nova concorrência está sendo aberta. Segundo Sarney, o TCU [Tribunal de Contas da União] deve punir com rigor quem cometeu irregularidades", informou a assessoria de imprensa.
O presidente do Senado afirmou ainda que Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama, primeiro responsável pelas obras no aeroporto, "nunca financiou campanha eleitoral do presidente" do Senado.
A Construtora Gautama, procurada por telefone em Salvador (BA), informou que a obra agora é tocada pela Construtora Beter, e orientou a Folha a procurá-la. O consórcio foi desfeito em 2007, após a Operação Navalha. Zuleido Veras não foi localizado ontem.
O empresário Alberto Aulicino, presidente da Beter, disse que "nunca houve nenhuma irregularidade" na obra de Macapá e que a empresa pretende retomar a obra desde que a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) regularize os pagamentos atrasados à empresa e se abstenha de realizar novo procedimento licitatório. A Beter obteve uma decisão liminar na Justiça Federal de Brasília.
O lobista Geraldo Magela disse que "a Gautama realmente tentava fazer pressão, uma pressão normal, sobre a Aeronáutica" para obter um terreno cujo uso ajudaria na realização da obra do aeroporto de Macapá. Mas negou que a Gautama tenha se aproximado do senador Sarney ou do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Também negou que a Gautama tenha ajudado a campanha da filha de Sarney, a então senadora Roseana.
"A gente chegou a procurar o senador Gilvam [Borges, do PMDB-AP], mas depois não deu certo, o terreno não foi liberado", disse Magela, que se definiu como um profissional "de relações públicas, de lobby, de comunicação". "Essa obra [do aeroporto] não tem dedo de Sarney", afirmou Magela.
Magela foi diretor da Radiobrás na época da presidência de Sarney (1985-1990) e também assessor de Jucá quando o senador dirigiu a Funai (Fundação Nacional do Índio) durante o governo Sarney.
A assessoria de imprensa da Infraero disse que a empresa rescindiu unilateralmente o contrato com a Construtora Beter, após as decisões do TCU que apontavam para irregularidades na obra.
A Infraero disse que "buscou cumprir" todas as recomendações e que isso foi reconhecido em acórdão estabelecido pelo TCU na última quarta-feira.
Segundo a Infraero, a empresa está hoje impedida, judicialmente, de concluir a obra: "A Infraero lançou, em 23 de março último, o edital para a contratação da continuação das obras no terminal de passageiros. Entretanto, a construtora Beter, empresa anteriormente contratada, acionou a Justiça e conseguiu liminar para suspender a nova licitação. O assunto encontra-se dependendo de decisão judicial". (RV)


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