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Outro lado
Sarney nega relação com obra e pede punição
DO ENVIADO A MACAPÁ (AP)
O senador José Sarney
(PMDB-AP) informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que as emendas para a
ampliação do aeroporto de Macapá (AP) foram propostas pela
bancada do Estado.
"As emendas para o aeroporto foram emendas coletivas de
bancada. O presidente [Sarney]
lamenta o atraso das obras porque está prejudicando o Amapá. As empresas denunciadas já
foram excluídas da licitação e
nova concorrência está sendo
aberta. Segundo Sarney, o TCU
[Tribunal de Contas da União]
deve punir com rigor quem cometeu irregularidades", informou a assessoria de imprensa.
O presidente do Senado afirmou ainda que Zuleido Veras,
dono da Construtora Gautama,
primeiro responsável pelas
obras no aeroporto, "nunca financiou campanha eleitoral do
presidente" do Senado.
A Construtora Gautama,
procurada por telefone em Salvador (BA), informou que a
obra agora é tocada pela Construtora Beter, e orientou a Folha a procurá-la. O consórcio
foi desfeito em 2007, após a
Operação Navalha. Zuleido Veras não foi localizado ontem.
O empresário Alberto Aulicino, presidente da Beter, disse
que "nunca houve nenhuma irregularidade" na obra de Macapá e que a empresa pretende
retomar a obra desde que a Infraero (Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária)
regularize os pagamentos atrasados à empresa e se abstenha
de realizar novo procedimento
licitatório. A Beter obteve uma
decisão liminar na Justiça Federal de Brasília.
O lobista Geraldo Magela
disse que "a Gautama realmente tentava fazer pressão, uma
pressão normal, sobre a Aeronáutica" para obter um terreno
cujo uso ajudaria na realização
da obra do aeroporto de Macapá. Mas negou que a Gautama
tenha se aproximado do senador Sarney ou do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Também negou que a Gautama tenha ajudado a campanha
da filha de Sarney, a então senadora Roseana.
"A gente chegou a procurar o
senador Gilvam [Borges, do
PMDB-AP], mas depois não
deu certo, o terreno não foi liberado", disse Magela, que se
definiu como um profissional
"de relações públicas, de lobby,
de comunicação". "Essa obra
[do aeroporto] não tem dedo de
Sarney", afirmou Magela.
Magela foi diretor da Radiobrás na época da presidência de
Sarney (1985-1990) e também
assessor de Jucá quando o senador dirigiu a Funai (Fundação Nacional do Índio) durante
o governo Sarney.
A assessoria de imprensa da
Infraero disse que a empresa
rescindiu unilateralmente o
contrato com a Construtora
Beter, após as decisões do TCU
que apontavam para irregularidades na obra.
A Infraero disse que "buscou
cumprir" todas as recomendações e que isso foi reconhecido
em acórdão estabelecido pelo
TCU na última quarta-feira.
Segundo a Infraero, a empresa está hoje impedida, judicialmente, de concluir a obra: "A
Infraero lançou, em 23 de março último, o edital para a contratação da continuação das
obras no terminal de passageiros. Entretanto, a construtora
Beter, empresa anteriormente
contratada, acionou a Justiça e
conseguiu liminar para suspender a nova licitação. O assunto encontra-se dependendo
de decisão judicial".
(RV)
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