São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2000 |
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JANIO DE FREITAS No império da venalidade Com os depoimentos, nos últimos dias, de juízes do TRT-SP e do ex-presidente da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, estão desmentidas todas as afirmações de Eduardo Jorge Caldas Pereira nos três temas centrais dos indícios e suspeitas suscitados por suas atividades como principal assessor do presidente da República. Está dito agora formal e oficialmente, nos autos das investigações do Ministério Público como nos registros da subcomissão do Senado, que a intensa relação de Eduardo Jorge com o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto vai muito além da interferência no Poder Judiciário; a liberação de verbas para o Fórum Trabalhista-SP contou com sua participação decisiva, e sua presença em assuntos da Previ foi real e constante. Não faltam, antes sobram, elementos para a criação de uma CPI, instrumento dotado dos poderes necessários a investigações a um só tempo amplas e mais rápidas. Já não cabe dúvida de que o assunto vai além de práticas pessoais ou políticas, de ética ou de moralidade administrativa. Envolve as instituições mesmas. Apesar disso, as lideranças do PFL, do PMDB, do PPB e, claro, o mais comprometido, que é o grupo parlamentar do PSDB, podem continuar impedindo que o Congresso cumpra o seu dever constitucional. Vão receber da Presidência e da mídia negocista as retribuições à altura do serviço de conivência e cumplicidade. Assim como a mídia negocista receberá os favores escusos. Esses todos fazem muito bem em agir como agem: lutam para preservar o país que construíram e que, por isso, tem a sua cara. Para eles é essencial que o Brasil seja o império da venalidade. Diferença entre eles e os Nicolaus, EJs, PCs, Cacciolas? Quem quiser que procure outra, mas que o faça com microscópio e sem esperança, porque a única diferença conhecida é só de sorte e azar: um ou outro de repente é desmascarado. O que, aliás, não tem importância, porque os sócios, ainda que só informais, o protegem com a impunidade, a regra fundamental da classe. Texto Anterior: Outro Lado: Motivo de recuo foi técnico, afirma secretário-executivo Próximo Texto: Obras públicas: Obra recebe R$ 185 mi após parecer contrário do TCU Índice |
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