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Com equívocos, assunto entra na campanha
DA AGÊNCIA FOLHA
A licitação da FAB entrou na
campanha eleitoral. Depois de assessores de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS), na
sexta-feira José Serra (PSDB) resolveu falar sobre o tema.
É uma excelente notícia para o
debate numa área dominada por
tecnicismos, não fosse o desconhecimento da licitação demonstrado pelos políticos.
De forma geral, todos defenderam a escolha do consórcio liderado pelos franceses da Dassault,
que tem como parceira a brasileira Embraer. O consórcio oferece o
Mirage 2000BR.
As manifestações foram estimuladas pelos fortes rumores de
que o anglo-sueco Gripen (Saab/
BAe) teria a preferência.
O ponto é que, aparentemente,
os candidatos e seus assessores
acreditaram que o Mirage será feito no Brasil e que isso garantiria a
transferência de tecnologias para
o país. A Dassault/Embraer não se
apega mais a essa propaganda para vender seu produto, porque a
idéia encerra dois enganos:
1) Construção no país - Nem o
Mirage nem nenhum dos outros
concorrentes será feito no país. A
Dassault, que faz parte do grupo
europeu que detém 20% da Embraer, promete abrir uma linha de
produção para a versão BR (de
Brasil) do Mirage apenas se houver mercado para isso. Por mercado, entenda-se a casa das dezenas,
centenas de aeronaves. E não as 12
unidades que a FAB tem condições de comprar.
2) Transferência de tecnologia
-°Montar o avião aqui ou no Reino de Tonga não garante maior
ou menor transferência. O que
importa é a abertura de códigos-fontes dos softwares do avião, o
cérebro que comanda o aparelho
e seus sistemas de radar e de armas, e a integração dessa parafernália. E isso pode ser feito em
qualquer lugar. Todos os concorrentes prometem a transferência.
Em seu comunicado sobre o tema na sexta, Serra acerta ao dizer
que a associação entre Embraer e
a italiana Aermacchi para fazer o
caça tático AMX, na década de 80,
garantiu o domínio de tecnologias que acabaram sendo usadas
pela brasileira em seu bem-sucedido jato regional EMB-145.
Só que, na época, a Embraer era
estatal, controlada pela Aeronáutica. Hoje, a tecnologia tem de ser
absorvida pela FAB diretamente,
independentemente de quem ganhe a licitação.
O PT e a Frente Trabalhista também se dizem favoráveis a adiar a
decisão para o novo governo, o
que é improvável.
(IG)
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