São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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NO AR

Sob controle

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Ciro estava tenso ou queria aparentar que estava, na "photo-op" em que apareceu sentado ao lado (mas distante, relativamente) de FHC.
O presidente sorria ou tentava, mas não era a imagem que Ciro queria deixar nos telejornais. Entrou e saiu do palácio de cara amarrada.
Nem FHC, pelo que relatou Franklin Martins, desejava descontração. Não queria deixar "espaço para o azar", espaço para um ou outro candidato sair falando o diabo do presidente em fim de mandato.
Para tanto, os três de oposição a FHC, Lula, Ciro e Garotinho, teriam sido até avisados que qualquer ataque teria troco, na coletiva do próprio FHC.
E assim todos, presidenciáveis e presidente, seguiram o roteiro, foram "formais" quase o tempo todo para as câmeras.
Lula chegou a ler uma nota sobre a reunião -o que não soou bem. Ciro não leu nota, mas parecia ler, tal o esforço de medir cada palavra.
Descreveram aqui e ali, na cobertura, o "constrangimento" no encontro de FHC e Ciro, mas eles só fizeram se negar a posar cumprimentando um ao outro, para as câmeras.
O Jornal Nacional destacou que Lula falou dez minutos "a sós" com FHC. Mas sabe-se lá o que falaram, talvez tenham lembrado velhos tempos, talvez se acertado para o futuro:
- O conteúdo da conversa não foi revelado.
O certo é que José Serra, que é o candidato de FHC, teve um de seus piores dias de campanha, na véspera do horário eleitoral que tanto espera.
Foi o último a comentar a reunião -e na verdade pouco importa o que achou dela. O próprio FHC saiu dizendo que seu escolhido tem sido "explícito" quanto ao tema principal, o acordo com o FMI.
Para estragar um pouco mais as coisas para Serra, a cobertura em tempo real, da Globo News, estava para dar a sua reação quando cortou tudo para entrar ao vivo com FHC. Como se não bastasse, é azarado.
 
O horário eleitoral recomeça e todos já sabem que só deve ter audiência nas primeiras duas semanas -e nas últimas.
O que o tucano tiver que fazer para chegar ao segundo turno, fará desde já. No dizer resignado, mas experiente, do eterno Alexandre Garcia:
- A história do horário eleitoral é pobre em mudanças espetaculares. Serra tem 41% do tempo, mais do que Lula e Ciro juntos. Mas o doutor Ulysses tinha mais tempo que Collor e Lula e ficou com 3% dos votos.



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