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NO AR
Sob controle
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Ciro estava tenso ou queria
aparentar que estava, na
"photo-op" em que apareceu
sentado ao lado (mas distante,
relativamente) de FHC.
O presidente sorria ou tentava, mas não era a imagem que
Ciro queria deixar nos telejornais. Entrou e saiu do palácio de
cara amarrada.
Nem FHC, pelo que relatou
Franklin Martins, desejava descontração. Não queria deixar
"espaço para o azar", espaço para um ou outro candidato sair
falando o diabo do presidente
em fim de mandato.
Para tanto, os três de oposição
a FHC, Lula, Ciro e Garotinho,
teriam sido até avisados que
qualquer ataque teria troco, na
coletiva do próprio FHC.
E assim todos, presidenciáveis
e presidente, seguiram o roteiro,
foram "formais" quase o tempo
todo para as câmeras.
Lula chegou a ler uma nota
sobre a reunião -o que não
soou bem. Ciro não leu nota,
mas parecia ler, tal o esforço de
medir cada palavra.
Descreveram aqui e ali, na cobertura, o "constrangimento"
no encontro de FHC e Ciro, mas
eles só fizeram se negar a posar
cumprimentando um ao outro,
para as câmeras.
O Jornal Nacional destacou
que Lula falou dez minutos "a
sós" com FHC. Mas sabe-se lá o
que falaram, talvez tenham
lembrado velhos tempos, talvez
se acertado para o futuro:
- O conteúdo da conversa
não foi revelado.
O certo é que José Serra, que é
o candidato de FHC, teve um de
seus piores dias de campanha,
na véspera do horário eleitoral
que tanto espera.
Foi o último a comentar a reunião -e na verdade pouco importa o que achou dela. O próprio FHC saiu dizendo que seu
escolhido tem sido "explícito"
quanto ao tema principal, o
acordo com o FMI.
Para estragar um pouco mais
as coisas para Serra, a cobertura
em tempo real, da Globo News,
estava para dar a sua reação
quando cortou tudo para entrar
ao vivo com FHC. Como se não
bastasse, é azarado.
O horário eleitoral recomeça e
todos já sabem que só deve ter
audiência nas primeiras duas
semanas -e nas últimas.
O que o tucano tiver que fazer
para chegar ao segundo turno,
fará desde já. No dizer resignado, mas experiente, do eterno
Alexandre Garcia:
- A história do horário eleitoral é pobre em mudanças espetaculares. Serra tem 41% do
tempo, mais do que Lula e Ciro
juntos. Mas o doutor Ulysses tinha mais tempo que Collor e
Lula e ficou com 3% dos votos.
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