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Idéias de candidato e economista divergem
DA REPORTAGEM LOCAL
Não foi à toa que o mercado e o
mundo acadêmico se surpreenderam com o convite do candidato Ciro Gomes (PPS) e a consequente adesão do economista José Alexandre Scheinkman, da
Universidade Princeton (EUA),
para colaborar com o plano de
governo do presidenciável.
Ciro e Scheinkman defendem
idéias opostas em relação a pontos do programa de governo, como políticas monetária e externa.
Isso sem levar em conta o fato
de Scheinkman, um dos mais respeitados economistas brasileiros
no exterior, mesmo sem assumir
o rótulo, defender idéias liberais.
Foi chefe do Departamento de
Economia da Universidade Chicago, cargo que já foi ocupado pelo liberal Milton Friedman.
Scheinkman defende como "reformas fundamentais" a privatização, a desregulamentação e a liberalização comercial. Pontos
que são contestados parcialmente
por Ciro, como o que se refere à
manutenção de estatais, como o
Banco do Brasil e a Petrobras.
A relação comercial do Brasil,
segundo o economista, deveria
ser priorizada com países como
os EUA, Japão e os da União Européia. Ciro defende fortalecer o
Mercosul e intensificar a relação
com países como China e Índia.
A favor do mercado, Scheinkman encarou de forma positiva o
Proer, programa polêmico de socorro aos bancos criado na gestão
de FHC, ao considerá-lo um dos
responsáveis pela estruturação do
sistema financeiro nacional.
Ciro não poupou críticas: classificou o Proer como "responsável
por tirar dinheiro dos aposentados para dar aos banqueiros".
Para o economista e deputado
federal Delfim Netto (PPB-SP), o
convite a Scheinkman foi o fato
político mais importante na campanha para presidente.
"O Ciro só tem a ganhar com
ele. Não está garantido que o
Scheinkman defenda que o desenvolvimento econômico é alcançado naturalmente, como
pensa este governo", disse Delfim.
"Ele é um excelente técnico,
adepto da economia de mercado.
Resta saber se o projeto do Ciro,
com Antonio Carlos Magalhães e
Roberto Jefferson, tem a ver com
isso", disse o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, do Ibmec.
À Folha, Scheinkman disse que
suas idéias serão expostas a Ciro e
que não necessariamente seriam
usas pela campanha. O economista é a favor do tripé responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e
metas de inflação. Para Ciro, as
metas de inflação têm de ser revistas por inibirem o crescimento.
(JULIA DUAILIBI e LIEGE ALBUQUERQUE)
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