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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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PAINEL

Migalhas tributárias
Os governadores, certos de que Lula não abrirá mão da CPMF, pressionam para que os Estados passem a controlar, na reforma tributária, a receita do Pasep -contribuição federal destinada ao funcionalismo público pela qual a União arrecada cerca de R$ 2 bilhões ao ano.

Cofre apertado
Lula já sinalizou a Aécio Neves (PSDB-MG) e Geraldo Alckmin (PSDB-SP) que pode abrir mão do Pasep. Em troca, os governadores de oposição votariam a favor do governo. A receita do Pasep não chega perto dos R$ 12 bilhões da CPMF. Mas, para os Estados, é melhor do que nada.

Entrada triunfal
Anthony Garotinho chegou ao PMDB incomodando o governo. A cerimônia de sua filiação ocorreu no Espaço Cultural da Câmara, ao lado de uma sala onde Virgílio Guimarães (PT-MG) dava uma entrevista -que precisou ser interrompida.

Plano frustrado
O Planalto tentou até o último momento impedir a filiação de Garotinho ao PMDB. Anteontem, José Dirceu (Casa Civil) procurou Renan Calheiros, líder da sigla no Senado, e pediu que ele intermediasse um encontro com o ex-governador, que não aceitou dialogar com o governo.

Linha muda
José Dirceu já havia ligado na sexta-feira para o governador Luiz Henrique (PMDB-SC). Pediu que convencesse a cúpula do partido a indeferir a filiação de Garotinho. O governador passou os últimos dias ao telefone, mas não teve sucesso.

Polêmica sem fim
O núcleo agrário do PT na Câmara saiu ontem de uma reunião com José Dirceu com a promessa de que o projeto que regulará os transgênicos não entrará na pauta de votações da Casa sob o regime de urgência. Isso garantirá meses a mais de tramitação -e de discussões.

Flechada interna
Eduardo Almeida, ex-presidente da Funai, enviou e-mail à frente parlamentar indígena dizendo que Thomaz Bastos (Justiça) mandou ao Planalto minuta de decreto para "dificultar" a demarcação de terras indígenas.

Representação diplomática
Uma das últimas ações do diplomata Sérgio Vieira de Mello, morto ontem em Bagdá, foi defender a permanência de um embaixador iraquiano em Brasília. Havia conseguido que a ministra das Relações Exteriores do Iraque se tornasse porta-voz da idéia no governo transitório.

Malas prontas
O embaixador do Iraque no Brasil, Jarallah Alobaidy, disse, há duas semanas, que iria deixar Brasília e fechar a embaixada. Ele estava sumido desde a queda do regime de Saddam Hussein.

Lei da mordaça
O ouvidor agrário do governo Lula, Gercino Filho, foi desautorizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário a dar entrevistas à imprensa. Fala a sua substituta, Maria de Oliveira -e só com aval do ministério.

Página virada
Chefe do órgão que comprava e distribuía anualmente 100 milhões de livros didáticos no governo FHC, Monica Messenberg tornou-se diretora de relações institucionais da Editora Moderna, fornecedora do MEC.

Relação profissional
Monica, ex-secretária-executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, disse ter sido convidada pela editora devido ao "conhecimento profissional acumulado", e que, no governo, não escolhia editoras.

Visita à Folha
Helio Cerqueira Jr., segundo-coordenador-geral do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Lívio Giosa, coordenador do PNBE, e de Rafael Marko, assessor de imprensa.

TIROTEIO

De ACM (PFL), sobre o líder da sigla na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), ter dito que possui "independência política":
-Se ele está independente, como tem dito, vocês podem imaginar como será a minha independência com ele, já que eu fiz a sua carreira política.

CONTRAPONTO

Namoro moderno

A oposição teve papel fundamental na aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência, considerada pelo governo Lula sua primeira grande vitória na Câmara.
Até para manter a taxação dos servidores inativos, um dos pontos mais polêmicos, a bancada governista contou com a ajuda do PFL (com 31 votos) e do PSDB (com 26 votos).
Essa nova relação do Planalto com os tucanos, ainda que permeada por um inconstante tiroteio entre Lula e FHC e pela troca de farpas entre o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, e o do PSDB, Arthur Virgílio, tem gerado ácidos comentários no Congresso.
Dias atrás, o deputado João Caldas (PL-AL) arrancou risadas numa roda de parlamentares ao comentar a nova situação:
-Isso não é namoro nem noivado. Os tucanos estão "ficando" com o governo!


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