|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA PARALELA
Palocci vê possibilidade de o Congresso votar outras medidas fiscais ao mesmo tempo que projeto tributário
Governo poderá acelerar mudanças no IR
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo poderá acelerar o envio ao Congresso Nacional das
mudanças no Imposto de Renda
das pessoas físicas. O ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
anunciou ontem essa possibilidade, explicando que outras medidas tributárias que não tenham
caráter constitucional -como a
desoneração de bens de capital-
também poderão ser votadas junto com a reforma.
Até agora, o discurso do governo era o de que essas medidas seriam enviadas após a votação da
reforma para não "atropelar" a
discussão. O ministro não disse
por que mudou de idéia. Mas, para garantir que as mudanças no
IR, que devem elevar a arrecadação desse tributo, entrem em vigor em 2004, é necessário que elas
sejam aprovadas neste ano.
Palocci condicionou o envio de
novos projetos ao desejo dos congressistas. "Se for o desejo do
Congresso Nacional, algumas
medidas que não dependam de
votação constitucional estarão caminhando junto com a tramitação da reforma." Segundo ele, as
mudanças no IR já estão prontas
"na cabeça". "Basta escrever", disse, sem entrar em mais detalhes.
A idéia da Receita Federal, segundo a Folha apurou, é criar
uma nova alíquota de 35% para
rendimentos superiores a R$ 10
mil mensais. Hoje existem duas
alíquotas: 15% (entre R$ 1.058 e
R$ 2.115 mensais) e 27,5% (acima
de R$ 2.115 mensais). A alíquota
de 35% já vigorou entre 94 e 95.
Além disso, os técnicos querem
reduzir as deduções de saúde
(sem limite), educação (R$ 1.998
anual) e dependentes (R$ 1.272
anual) para os contribuintes que
ganham mais. Segundo os técnicos, as regras atuais são regressivas porque permitem que uma
pessoa que esteja em uma faixa de
renda mais alta desconte mais do
seu pagamento de IR do que outra que esteja em faixa inferior.
Para o governo, o IR é pouco
progressivo porque existem poucas alíquotas na tabela atual. O ex-secretário da Receita Everardo
Maciel afirmava que a progressividade está garantida em qualquer caso porque a alíquota é
sempre um percentual da renda.
Mas o governo anterior também
tentou aprovar a alíquota de 35%
no Congresso e não conseguiu.
Bens de capital
Ontem, Palocci acenou com a
possibilidade de desonerar os
bens de capital (máquinas e equipamentos necessários para a produção de outros bens) do Imposto sobre Produtos Industrializados, uma medida reivindicada pelos empresários. Para ele, a mudança pode ser feita por decreto.
No caso dos bens de capital, o
ministro ponderou que não é possível retirar "de uma vez" os impostos incidentes sobre esses produtos. O relatório da reforma tributária em discussão no Congresso prevê a desoneração. "Não podemos fazer o IPI e o ICMS [Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços] em um único
ano. Tem que ser feito dentro de
uma programação", disse.
O ministro afirmou ainda que o
o relatório do deputado Virgílio
Guimarães (PT-MG) sobre a reforma tributária confirma o fim
da incidência cumulativa da Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social e a desoneração das exportações.
Texto Anterior: Elio Gaspari: O Itamaraty defendeu a patuléia globalizada Próximo Texto: Frase Índice
|