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CONFLITO AGRÁRIO
Meta é evitar atrito
MST adota silêncio sobre declarações do governo
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Com o objetivo de evitar atritos
com o Planalto, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) decidiu frear comentários de seus líderes nacionais sobre declarações do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e de qualquer outro integrante do primeiro escalão governamental.
Uma nova tática de atuação
também foi revelada pela direção
do movimento: a fim de evitar o
recrudescimento da tensão no
campo, o MST decidiu investir na
montagem de acampamentos e
não no incentivo às invasões.
"Há uma tentativa explícita [da
imprensa] de fazer intriga entre o
governo e o movimento. Vamos,
a partir de agora, apenas conversar pessoalmente com o presidente. Um não pode ficar mandando
recado para o outro pela mídia",
afirmou João Paulo Rodrigues, da
coordenação nacional do MST.
A decisão de impor a lei do silêncio foi tomada na última semana, durante encontro da coordenação e da direção nacionais do
movimento, em São Paulo.
Até agora, lideranças nacionais
do MST não comentaram declarações recentes de Lula sobre a reforma agrária, como "a lei será
cumprida ao pé da letra; chamamos a atenção dos sem-terra e
também dos proprietários rurais"
e "na marra, ninguém faz nada".
Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, porém, disse: "Isso não significa que vamos deixar
de comentar as ações do governo
em relação à reforma agrária".
Por exemplo, para Mauro, há
"lentidão" na elaboração de um
novo plano nacional de reforma
agrária, que consta do programa
de governo petista. O MST pede
que a meta de 1 milhão de famílias
assentadas em quatro anos seja a
base do plano. O governo já admite que dificilmente cumprirá a
meta de 60 mil em 2003.
"Mas este é um ano conturbado.
Existe a recessão econômica, pouco dinheiro no Orçamento. Estamos tendo paciência e entendendo as limitações do governo",
afirmou Gilmar Mauro. Sobre as
ações do MST, ele disse: "Estamos
com a tática de montar acampamentos para não deixar mais tenso o clima no campo".
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