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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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CONFLITO AGRÁRIO

Meta é evitar atrito

MST adota silêncio sobre declarações do governo

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Com o objetivo de evitar atritos com o Planalto, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) decidiu frear comentários de seus líderes nacionais sobre declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e de qualquer outro integrante do primeiro escalão governamental.
Uma nova tática de atuação também foi revelada pela direção do movimento: a fim de evitar o recrudescimento da tensão no campo, o MST decidiu investir na montagem de acampamentos e não no incentivo às invasões.
"Há uma tentativa explícita [da imprensa] de fazer intriga entre o governo e o movimento. Vamos, a partir de agora, apenas conversar pessoalmente com o presidente. Um não pode ficar mandando recado para o outro pela mídia", afirmou João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.
A decisão de impor a lei do silêncio foi tomada na última semana, durante encontro da coordenação e da direção nacionais do movimento, em São Paulo.
Até agora, lideranças nacionais do MST não comentaram declarações recentes de Lula sobre a reforma agrária, como "a lei será cumprida ao pé da letra; chamamos a atenção dos sem-terra e também dos proprietários rurais" e "na marra, ninguém faz nada".
Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, porém, disse: "Isso não significa que vamos deixar de comentar as ações do governo em relação à reforma agrária".
Por exemplo, para Mauro, há "lentidão" na elaboração de um novo plano nacional de reforma agrária, que consta do programa de governo petista. O MST pede que a meta de 1 milhão de famílias assentadas em quatro anos seja a base do plano. O governo já admite que dificilmente cumprirá a meta de 60 mil em 2003.
"Mas este é um ano conturbado. Existe a recessão econômica, pouco dinheiro no Orçamento. Estamos tendo paciência e entendendo as limitações do governo", afirmou Gilmar Mauro. Sobre as ações do MST, ele disse: "Estamos com a tática de montar acampamentos para não deixar mais tenso o clima no campo".


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