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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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CASO CC-5

Depoimento de ex-diretora do BC não convence integrantes da CPI

Grossi depõe e é chamada de "omissa"

Lula Marques/Folha Imagem
Teresa Grossi, ex-diretora de Fiscalização do BC, depõe na CPI



ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes da CPI do Banestado afirmaram ontem que não foram convencidos pelo depoimento da ex-diretora de Fiscalização do BC (Banco Central) Tereza Grossi de que a instituição tomou todas as providências cabíveis para conter o funcionamento de um esquema de evasão de divisas que causou prejuízos ao país.
Repetindo o depoimento de seu antecessor na mesma diretoria, Cláudio Mauch, apresentado anteontem à comissão, Grossi afirmou que a área de Fiscalização do BC não era responsável pelo acompanhamento das operações de câmbio, por meio das quais são feitas as remessas de dinheiro via contas CC-5 (para não-residentes no país). Caberia à Diretoria de Fiscalização investigar a situação financeira das instituições.
"Ela [Grossi] foi omissa, e seu nível de respostas, insuficiente. Esse depoimento só contribuiu para reforçar nossa convicção de que o BC foi conivente todo o tempo", afirmou a deputada Iriny Lopes (PT-ES), que assumiu excepcionalmente a relatoria para o depoimento de Grossi devido à morte do pai do relator, deputado José Mentor (PT-SP).
A conivência apontada por Lopes seria entre abril de 1996 e dezembro de 1999, período em que vigoraram autorizações especiais do BC para as agências de cinco bancos em Foz do Iguaçu receberem em contas CC-5 depósitos em espécie superiores a R$ 10 mil, o que teria dificultado a identificação dos donos do dinheiro, facilitando evasão de divisas.
Em meio à sessão tensa, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), propôs a convocação do presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb Lima, e do diretor de Política Monetária do BC, Luiz Augusto Candiota.
"O tema do depoimento [de Casseb e Candiota] é evasão de divisas. Mas as justificativas, que constam de denúncia que eu recebi, só podem ser apresentadas em sessão secreta", declarou Virgílio. A Folha tentou entrar em contato com os dois, por meio das assessorias de imprensa do BB e do BC, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.
Os primeiros indícios de irregularidades praticadas em Foz do Iguaçu foram detectados em julho de 1996 pelo próprio BC. No mesmo ano, em diligência de fiscalização, Grossi identificou elementos suspeitos na operação do Banestado em Nova York.
"Mas o que levantamos na época não trazia uma relação direta com contas CC-5, mas com remessas que poderiam estar relacionadas com a negociação de precatórios", disse Grossi, que, em 1996, foi designada pelo BC para fazer um levantamento para subsidiar a CPI dos Precatórios.
No depoimento, a ex-diretora do BC disse que, em 1997, numa nova inspeção no Banestado de Nova York, os advogados do banco impediram que os técnicos pudessem avançar em seu trabalho, alegando sigilo bancário. Grossi, que integrava o Departamento de Fiscalização do BC desde março de 1998, chegou à diretoria da área em 2000. "Não tinha o que fazer. As autorizações especiais já tinham sido revogadas em 1999."


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