São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Próximos capítulos

Infra-estrutura, energia e inserção do Brasil no mundo serão alguns dos temas da segunda semana de programas de Lula no horário eleitoral. Assim como foi feito com a economia, dominante na primeira semana, haverá esquetes para comparar os governos atual e anterior, mas sem mencionar FHC. Além das comparações, propostas para o segundo mandato e depoimentos de Lula compõem a fórmula que, segundo os coordenadores da campanha, vem passando no teste das pesquisas qualitativas.
As falas de Lula buscarão sempre estabelecer relação entre feitos do governo e a vida das pessoas. Depois de mirar os assalariados de baixa renda, o presidente agora também se dirigirá à classe média.

Frente. O comando político da campanha de Lula já assistiu a seis programas completos. Com isso, a equipe de marketing tem mobilidade para definir os temas de olho na temperatura do noticiário e nas pesquisas qualitativas.

Deixa barato. A cúpula petista decidiu ignorar a propaganda em que a coligação de Alckmin ironiza declaração de Lula sobre o consumo de filé mignon pelos pobres.

Balanço. O índio Fidelis Baniwa fez uma única exigência ao ser contratado como apresentador do programa eleitoral de Lula: que fosse instalada uma rede em seu quarto de hotel. Cama, nem pensar.

Os Okamottos. Se não for bem sucedido no recurso ao STF contra a multa de R$ 900 mil aplicada a Lula, o PT organizará campanha "solidária" para arrecadar recursos com filiados e pagar a dolorosa.

Desinibido 1. Leve e solto no horário eleitoral, o mensaleiro Valdemar Costa Neto (SP) não se importa em embaraçar Lula. Candidato a deputado federal, o presidente do PL declara no ar que seu grande erro foi receber dinheiro no caixa dois "para a campanha presidencial de 2002".

Desinibido 2. Com arrecadação mais que suficiente para se eleger, Valdemar havia prometido a correligionários manter distância do programa de TV, mas virou protagonista do horário do PL. O resto do elenco teme perder votos com a associação.

Túnel do tempo 1. No debate da Bandeirantes, Geraldo Alckmin se declarou contra a redução da maioridade penal. Em 1989, como deputado, o tucano apresentou projeto de lei pela mudança da idade de 18 para 16 anos.

Túnel do tempo 2. Na justificativa do projeto 1734/ 89, hoje arquivado, Alckmin alegava que, "sendo penalmente irresponsáveis, os maiores de 16 e menores de 18 anos sentem-se encorajados à prática de novos crimes".

Corretagem. A nova legislação eleitoral já cria profissões informais. No Rio, proliferam os "janeleiros", que procuram candidatos oferecendo janelas, muros e quintais para veicular propaganda. Os preços vão de R$ 100 a R$ 1,5 mil, a depender do ponto.

Por fora. Os "janeleiros" não trabalham com recibo, mas tranqüilizam os candidatos: os donos das casas e dos terrenos se comprometem a assinar declaração de que veicularam a campanha de graça.

Trombone. Aldo Rebelo (PC do B-SP) foi tirar satisfações com o sanguessuga Carlos Nader (PL-RJ), que usou em sua propaganda uma declaração de apoio do presidente da Câmara. Segundo Aldo, a mensagem foi gravada há mais de três meses e Neder não pediu autorização para repeti-la no horário eleitoral.

Ficha. Roland Lavigne (PFL-BA), escalado para assumir uma cadeira na Câmara no lugar de Coriolano Sales (PFL), que renunciou depois de acusado pela CPI dos Sanguessugas, escapou de processo de cassação em 1998 por denúncia de realizar laqueadura em massa em pacientes.

Tiroteio

"Quem diria! Lula abandonou definitivamente o PT e se abrigou na banda ruim do PMDB, acomodando-se muito bem no aconchego de Sarney, Renan, Suassuna e Jader."


De CARLOS LESSA, ex-presidente do BNDES no atual governo, em conversa com um grupo de economistas no Rio de Janeiro.

Contraponto

Voz do dono

No final de 2005, ao entregar uma obra em Capão Bonito, Geraldo Alckmin assistia à cerimônia quando viu o chefe do cerimonial passar um bilhete para o orador da vez, que vinha prolongando sua fala indefinidamente. O então governador quis saber de que se tratava. Ao ouvir que era um pedido para que o homem encerrasse o discurso, repreendeu o funcionário. O orador representava a entidade que ajudara a financiar a obra.
Em seguida, Antonio Carlos Pannunzio tomou o microfone. Quando o deputado tucano se aproximava dos 20 min de discurso, Alckmin chamou o chefe do cerimonial:
-Sabe aquele bilhetinho? Passa para o deputado, passa.


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