São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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"Deixa eu tentar essa bichinha", afirma Lula ao pedir reeleição

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar ontem, durante comício na região de Campo Limpo, na periferia da zona sul de São Paulo, que é vítima do ódio e do preconceito das elites do país por ter decidido dar prioridade aos pobres. Como justificativa para disputar a reeleição, afirmou que "era contra a tese", mas hoje tem certeza de que pode "fazer mais" que os outros.
"Vocês sabem que eu tinha uma tese contra a reeleição. Mas depois que eu aprendi que eu posso fazer para o Brasil mais do que todos eles que governaram esse país, depois que eu aprendi que é possível fazer as coisas para melhorar a vida do povo, eu falei não. Aprovaram a reeleição, deixa eu agora tentar essa bichinha outra vez."
Sem mencionar a crise do mensalão, Lula mostrou preocupação com a governabilidade num eventual segundo mandato. Pediu à população que vote em deputados federais e estaduais do PT, PC do B e PSB. "Sabem por que? Porque nós precisamos ter uma bancada para a gente não ser vítima do que nós fomos neste um ano e meio. Nós temos que ter deputados e senadores afinados com nós (sic), com a nossa política".
Lula fez críticas a José Serra e Geraldo Alckmin, sem citar os nomes de ambos, e também ao PSDB. Ele disse que os tucanos nunca tiveram preocupação nem governaram para as classes mais baixas.
O presidente entrou na disputa iniciada por Aloizio Mercadante polemizando ainda mais a declaração de Serra sobre a ligação dos problemas educacionais de São Paulo com a migração, interpretada pelos petistas como preconceito a nordestinos. "Se tem uma coisa que eu me orgulho é de ser nordestino. Trabalhei pela riqueza de São Paulo muito mais que uns que não gostam de nós."
Ao pedir votos para Aloizio Mercadante, candidato ao governo, Lula disse que "o povo do Nordeste vai ser bem tratado aqui". E deu novas justificativas às classes mais altas: "A classe média vai ser respeitada. Os ricos vão ser respeitados. Mas eles têm que saber que, se tivermos dois "bifinhos", nós vamos repartir um pedacinho para cada um, para que todos possam comer".
Lendo números em um papel, Lula citou vários valores de repasses para o Estado de São Paulo do Bolsa-Família e de outros programas oficiais. Aproveitou, mais uma vez, para criticar os tucanos: "Pergunte para o PSDB quanto eles gastaram com pobre aqui nesse Estado. Eles não fizeram absolutamente nada".
A crítica pela crise da segurança pública em São Paulo foi novamente vinculada à educação pelo presidente. "Eu acho que tem gente aqui nessa capital que prefere que o jovem vá para a Febem, e não para a escola. Tem gente aqui nessa cidade que, ao invés de querer ensinar, prefere bater nas crianças", afirmou.
Lula comparou-se mais uma vez a Getúlio Vargas. Disse que, na história do Brasil, "não tem um único governador, um único presidente, com exceção de Getúlio Vargas", que tenha dedicado seu mandato às políticas sociais.
A coordenação da campanha divulgou uma meta superestimada de presentes no comício: 8.000 pessoas. Realizado numa rua sem saída e com nome que refletia o aperto da multidão -Rua do Forno-, foi difícil para o povo ter visibilidade e acesso ao presidente. Acompanharam Lula, além de Mercadante, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), a ex-prefeita Marta Suplicy e o senador Eduardo Suplicy.
Os petistas envolvidos no escândalo do mensalão, como os deputados João Paulo Cunha e José Mentor, só foram lembrados em cartazes.


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