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"Deixa eu tentar essa bichinha", afirma Lula ao pedir reeleição
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar ontem, durante comício na região
de Campo Limpo, na periferia
da zona sul de São Paulo, que é
vítima do ódio e do preconceito
das elites do país por ter decidido dar prioridade aos pobres.
Como justificativa para disputar a reeleição, afirmou que
"era contra a tese", mas hoje
tem certeza de que pode "fazer
mais" que os outros.
"Vocês sabem que eu tinha
uma tese contra a reeleição.
Mas depois que eu aprendi que
eu posso fazer para o Brasil
mais do que todos eles que governaram esse país, depois que
eu aprendi que é possível fazer
as coisas para melhorar a vida
do povo, eu falei não. Aprovaram a reeleição, deixa eu agora
tentar essa bichinha outra vez."
Sem mencionar a crise do
mensalão, Lula mostrou preocupação com a governabilidade
num eventual segundo mandato. Pediu à população que vote
em deputados federais e estaduais do PT, PC do B e PSB.
"Sabem por que? Porque nós
precisamos ter uma bancada
para a gente não ser vítima do
que nós fomos neste um ano e
meio. Nós temos que ter deputados e senadores afinados com
nós (sic), com a nossa política".
Lula fez críticas a José Serra
e Geraldo Alckmin, sem citar os
nomes de ambos, e também ao
PSDB. Ele disse que os tucanos
nunca tiveram preocupação
nem governaram para as classes mais baixas.
O presidente entrou na disputa iniciada por Aloizio Mercadante polemizando ainda
mais a declaração de Serra sobre a ligação dos problemas
educacionais de São Paulo com
a migração, interpretada pelos
petistas como preconceito a
nordestinos. "Se tem uma coisa
que eu me orgulho é de ser nordestino. Trabalhei pela riqueza
de São Paulo muito mais que
uns que não gostam de nós."
Ao pedir votos para Aloizio
Mercadante, candidato ao governo, Lula disse que "o povo
do Nordeste vai ser bem tratado aqui". E deu novas justificativas às classes mais altas: "A
classe média vai ser respeitada.
Os ricos vão ser respeitados.
Mas eles têm que saber que, se
tivermos dois "bifinhos", nós vamos repartir um pedacinho para cada um, para que todos possam comer".
Lendo números em um papel, Lula citou vários valores de
repasses para o Estado de São
Paulo do Bolsa-Família e de outros programas oficiais. Aproveitou, mais uma vez, para criticar os tucanos: "Pergunte para o PSDB quanto eles gastaram com pobre aqui nesse Estado. Eles não fizeram absolutamente nada".
A crítica pela crise da segurança pública em São Paulo foi
novamente vinculada à educação pelo presidente. "Eu acho
que tem gente aqui nessa capital que prefere que o jovem vá
para a Febem, e não para a escola. Tem gente aqui nessa cidade que, ao invés de querer
ensinar, prefere bater nas
crianças", afirmou.
Lula comparou-se mais uma
vez a Getúlio Vargas. Disse que,
na história do Brasil, "não tem
um único governador, um único presidente, com exceção de
Getúlio Vargas", que tenha dedicado seu mandato às políticas
sociais.
A coordenação da campanha
divulgou uma meta superestimada de presentes no comício:
8.000 pessoas. Realizado numa
rua sem saída e com nome que
refletia o aperto da multidão
-Rua do Forno-, foi difícil para o povo ter visibilidade e acesso ao presidente. Acompanharam Lula, além de Mercadante,
o presidente da Câmara, Aldo
Rebelo, o ministro Tarso Genro
(Relações Institucionais), a ex-prefeita Marta Suplicy e o senador Eduardo Suplicy.
Os petistas envolvidos no escândalo do mensalão, como os
deputados João Paulo Cunha e
José Mentor, só foram lembrados em cartazes.
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